Os roubos nos supermercados e hipermercados em Portugal estão a aumentar, desde 2004, e atingiram, no ano passado, o valor mais elevado desde 2003, segundo noticia o jornal Público.
Em 2007, o valor dos furtos atingiu mais de 66 milhões de euros, cerca de 0,53 por cento dos 12.500 milhões de euros de receitas obtidas por estes estabelecimentos. Este valor representa um crescimento de mais de 12 milhões de euros ou 23 por cento, face a 2006, de acordo com um estudo da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), citado pelo Público, e que teve em conta os resultados de oito dos maiores operadores do sector.
José António Rousseau, director geral da APED, considera que "a crise económica poderá ser uma das justificações" para esta tendência, mas "o aumento do crime organizado e violento" é outro dos motivos apontados. Isto apesar dos operadores "estarem continuamente a reforçar a segurança dos seus estabelecimentos", aumentando os custos com a criação de espaços de venda específicos ou a utilização de embalagens mais resistentes para produtos mais sensíveis, por exemplo. Os furtos "são cometidos, em fatias iguais, por trabalhadores e por consumidores". Grande parte é praticada "de forma organizada", existindo uma percentagem pouco expressiva de actos isolados. "Os produtos de pequena dimensão com valor acrescentado são os mais susceptíveis de extravio", acrescenta.
O impacto dos roubos no negócio representa um duplo custo, visto que os produtos não são vendidos mas também que as perdas não são reconhecidas a nível fiscal. José António Rousseau avançou ainda ao Público que "foi entregue um parecer às Finanças em Maio, com base na apreciação de dois fiscalistas", que pretende alertar para "a necessidade de rever a lei fiscal". Como solução, a associação sugere que seja "admitido como custo dedutível, a título de perda desconhecida, um valor não inferior a 0,6 por cento da facturação".
Actualmente, estes prejuízos só podem ser deduzidos em impostos se cada loja onde se verificar um furto apresentar, junto do tribunal judicial da comarca da zona, uma queixa-crime contra incertos.