CCP considera pouco credível estudo sobre horários do comércio encomendado pela APED
A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) considera de pouco credíveis os números apresentados no estudo da Roland Berger, sobre o impacto da liberalização dos horários dos estabelecimentos comerciais, encomendado pela encomendado pela Associação Portuguesas das Empresas de Distribuição (APED).
Segundo um comunicado citado pelo jornal Hipersuper, os números “não são minimamente credíveis e revelam um exercício suportado em falsos pressupostos ou em projecções meramente especulativas”. Para a CCP, perdeu-se “uma oportunidade de se fazer um estudo sério e rigoroso sobre o sector”.
A CCP salienta que “se os números projectados em termos de aumento de receita fossem credíveis, era haver uma transferência de consumos de outros operadores para os grandes formatos”. Justificando que a procura comercial “é função do rendimento das famílias, dos seus níveis de poupança e da sua capacidade de endividamento, não é admissível prever, para a próxima década, um crescimento destes indicadores que permita acomodar os aumentos nas vendas apresentados”.
A CCP considera ainda, admitindo a ideia de que quem perde são, sobretudo, os formatos que actualmente beneficiam da possibilidade de abertura Domingo todo o dia, ou seja os operadores discount e os supermercados cuja área de venda não excede os limites previstos na lei, “o efeito mais gravoso seria, sem dúvida, de forma ainda mais significativa sobre o pequeno comércio independente, cuja quota de mercado, em especial no segmento alimentar, tem vindo a reduzir-se de forma drástica e que, em muitos casos, não dispõem de meios para poderem abrir as suas lojas ao Domingo”.
Em relação aos 8 mil postos de trabalho a criar até 2017, a CCP defende que “esta é, sem dúvida, uma matéria onde os representantes dos grupos da grande distribuição deveriam abster-se de levantar, pelo contributo fortemente negativo que a expansão dos novos formatos tem tido para o emprego no sector”. Recorrendo às estatísticas do INE, a CCP conclui que “o peso do desemprego neste sector no desemprego total aumentou entre 2003 e 2007, período de maior número de aberturas de novas lojas pelos grupos da distribuição em resultado da Lei 12/2004, passando de 15,6 para 16,8 por cento e o de uma clara desaceleração no emprego criado neste mesmo período, fazendo com que o peso do emprego no comércio no emprego total tenha passado de 15,2 por cento, em 2003, para 14,6 por cento, em 2007, sendo que muito deste emprego passou a assumir a forma de emprego a tempo parcial”.