Serviços de videoconferência e streaming de vídeo foram os que mais cresceram durante o confinamento
Um quinto dos portugueses subscreveu, pelo menos, um novo serviço de informação ou entretenimento online de que não dispunha antes da pandemia, segundo um inquérito realizado pelo OberCom e a Intercampus.
O estudo mostra que, sobretudo o confinamento, provocou mudanças nos padrões de consumo dos media, com diferenças significativas a nível geracional.
Os serviços de streaming de vídeo como Netflix e HBO viram seus subscritores aumentar, pois 40,7% dos portugueses que subscreveram um novo serviço online aderiram a alguma destas plataformas, enquanto 11,9% subscreveu algum serviço de streaming de música e 8,9% dos novos subscritores passaram a pagar por notícias em formato digital.
De salientar a elevada taxa de retenção destes produtos, já que 84,4% dos que subscreveram algum serviço dizem que não irão cancelar algum destes novos vínculos comunicacionais.
Digital ganha peso na dieta mediática
Mas o consumo que sofreu maiores mudanças foi o de serviços de videoconferência, com 55,5% dos portugueses a afirmar que, entre os seus consumos mediáticos, este foi o que mais se alterou, com cerca de 91% a afirmar que utilizou mais estes serviços durante o confinamento do que antes.
Este aumento e utilização mais intensiva compreende-se pelo aumento do teletrabalho e também das aulas online, que acabaram por ser opção para universidades e escolas de todos os graus de ensino.
Os consumos de media mudaram de forma muito significativa, independentemente do seu grau de conetividade. Consulta de notícias online, utilização de plataformas de streaming, visualização de televisão e serviços de videoconferência, entre outros, registaram, durante o confinamento, aumentos exponenciais de utilização. Por outro lado, a utilização de rádio tradicional e leitura de jornais impressos foram particularmente afetadas pela negativa, sendo claro que o digital ganhou um papel preponderante nas dietas mediáticas dos portugueses.
Diferenças geracionais
Os padrões de consumo de media são tradicionalmente diferentes e este inquérito vem mostrar essa realidade, atualizando-a à luz da pandemia. Na análise por gerações, e analisando as dinâmicas de adesão a novas práticas por Geração Z (16-23), Millennials (24-37), Geração X (38-56) e Boomers (57 e +), observa-se que houve, durante o período de confinamento, um aumento do consumo em termos de diversidade por parte de todas as gerações. No entanto, e não obstante as especificidades de cada uma, as gerações mais jovens aderem em maior proporção a diferentes práticas e formatos de media.
Os portugueses da Geração Z são os que mais alteraram os seus hábitos de consumo de media, com mais de metade a afirmar que viram mais conteúdos em plataformas como a Netlflix e HBO e mais de quatro em cada 10 começaram a usar mais serviços de videoconferência. De salientar que o aumento de utilização de serviços de videoconferência foi transversal a todas as gerações, com aumentos significativos (Geração Z: 44,4%; Geração X e Millennials: 54,5% e Boomers: 43%).
Fontes e marcas mais utilizadas para aceder à informação
Entre as fontes mais utilizadas para informação sobre a Covid19, destacam-se os motores de busca (utilizados por 31% dos inquiridos) e o Facebook (usado por 20%). O Instagram foi mais utilizado que o Twitter durante o confinamento (4,1% e 1,4%, respetivamente), demonstrando a importância que a rede do universo Facebook está a ganhar, ao tornar-se mais usada em Portugal do que a rede de micro-blogging.
A SIC, entre as televisões, o Jornal de Notícias e o Correio da Manhã, no caso da imprensa, rádios Comercial e RFM, quanto às rádios, foram as marcas mais utilizadas durante o confinamento e no período que se seguiu. Interessante notar, no entanto, que há uma elevada percentagem de inquiridos que dizem não ter usado alguma das marcas principais que lhes foram sugeridas no inquérito. O critério para a escolha das marcas apresentadas incidiu sobre a sua visibilidade, procurando sempre manter um quadro de diversidade de marcas e abordagens editoriais.
Partilha e consumo de informação
Durante o período de confinamento, os portugueses partilharam com os seus grupos de amigos (por exemplo, através de WhatsApp) notícias, edições digitais de jornais ou podcasts com frequência. Também a atividade nas redes sociais, através de posts ou comentários, foi mais frequente durante o período de confinamento que no pós-confinamento. Mas salienta-se o facto de um número considerável afirmar que raramente ou nunca faz esse tipo de partilhas (38,6% durante o confinamento e 41% após o confinamento).
A leitura de artigos de opinião intensificou-se durante o confinamento, sendo dada preferência a artigos de opinião partilhados por marcas de notícias no Facebook, com base em informação prestada por especialistas como investigadores ou epidemiologistas.
Quando questionados sobre que produto escolheriam caso lhes fosse oferecida uma subscrição gratuita, 27,8% dos portugueses optariam por um serviço de streaming de vídeo, como Netflix ou HBO, 18,5% optaria por canais premium disponíveis no seu serviço de televisão paga e 9,7% por software ou aplicações com fins educativos. Notícias em formato digital seriam a escolha de 7,1% dos inquiridos.
Desinformação e dúvidas
Os portugueses dizem ter encontrado conteúdos desinformativos em maior grau durante o período de confinamento (71,6%) do que no pós-confinamento (54,7%). Esta diferença poderá estar relacionada com o facto de os portugueses terem estado mais ligados e atentos aos seus canais de comunicação e não com a existência de menos conteúdos desinformativos.
Perceber o que é verdadeiro ou falso sobre o coronavírus está bem patente quando 43,6% dos inquiridos dizem ter esta dificuldad, e mais de um terço dos portugueses dizem evitar notícias sobre a situação (36,4%). A maioria discorda que a comunicação social esteja a exagerar a gravidade da pandemia (42,5%) e apenas 23,7% dos portugueses dizem estar confusos quanto ao que podem fazer em resposta à crise causada pela Covid-19.