Empresários e cientistas dirigem manifesto ao Governo defendendo reforço da posição da ciência e da inovação
Cientistas, empresários e gestores uniram-se num apelo à definição de estratégias de desenvolvimento económico e social alicerçadas numa forte aposta em ciência e inovação.
O Manifesto enviado ao primeiro ministro, António Costa, reúne 50 cientistas e 50 empresários e gestores nacionais e defende uma tomada de posição urgente para relançar o futuro de Portugal.
Os signatários defendem que garantir mecanismos financeiros e de cooperação entre sector público e privado permitirá a Portugal assumir uma posição de liderança e um forte contributo para o aumento de competitividade na Europa. “Mais do que nunca, a ciência e a inovação ocupam um espaço imprescindível e determinante na sociedade, nomeadamente na identificação de soluções para emergências em saúde pública, na definição de estratégias de resposta, na determinação das políticas públicas necessárias ou, ainda, nos modelos de negócio existentes. A pandemia atual trouxe para a ribalta uma verdade conhecida, mas muitas vezes esquecida”, pode ler-se no comunicado.
Investimento em conhecimento
A posição que Portugal assume no combate à pandemia é o resultado do investimento e produção de conhecimento dos últimos 30 anos. Em tempo recorde, houve mobilização, reorganização na produção de conhecimento, nos métodos de diagnóstico e na utilização de equipamentos indispensáveis à luta contra a pandemia.
Para Mónica Bettencourt-Dias, diretora do Instituto Gulbenkian de Ciência, “a ciência fundamental e translacional, a inovação e a garantia de interação entre diferentes sectores são pilares estratégicos na resposta aos desafios atuais e futuros. Agora, é o momento de consolidarmos o que verificamos ser inevitável e garantir a liderança de Portugal na definição de estratégias visionárias”.
O Manifesto aponta uma estratégia consolidada em torno de três pilares fundamentais: uma visão para o futuro, a cooperação entre público e privado e o reforço do investimento em inovação. Segundo Paulo Azevedo, chairman da Sonae, uma das empresas signatárias, “a inovação é fundamental para reforçar a competitividade da economia, criar emprego e potenciar o desenvolvimento social. Por isso, é crucial para o futuro do país a definição de políticas públicas urgentes que potenciem esta aposta e fomentem a cooperação entre os mundos empresarial, científico e académico. Só através de um esforço conjunto de todos os atores privados e públicos é possível responder aos desafios criados pela pandemia, construir uma economia baseada no conhecimento e potenciar a competitividade e o emprego em Portugal”.
Manifesto
O documento realça a necessidade de visão estratégica de longo prazo, defendendo que só uma investigação fundamental de qualidade permitirá criar conhecimento e ferramentas para fazer face aos desafios futuros e imprimir a concretização das aspirações.
Os signatários defendem também a cooperação entre público e privado, com uma aposta conjunta na investigação e inovação ao longo da cadeia de valor e sua integração na sociedade e economia nacionais. Para tal, é necessário maior investimento a longo prazo em recursos humanos, ecossistemas e infraestruturas tecnológicas das universidades, politécnicos, institutos de investigação e empresas. É também necessário investir na ligação da indústria nacional e internacional à investigação e inovação e assegurar uma maior articulação e coordenação entre instituições nacionais e internacionais, antecipando cenários e melhorando a resposta conjunta a desafios globais.
Para tal, “exige-se um reforço orçamental que permita destacar Portugal e a Europa a nível mundial, potenciando a competitividade e o emprego. Portugal e os seus parceiros devem apoiar um investimento em investigação e inovação forte, seja através do quadro financeiro plurianual, seja através do Plano de Recuperação Económica e Social (Next Generation EU). O orçamento europeu deverá complementar – e não substituir – o investimento de base nacional”, indica o comunicado.
O Manifesto pretende integrar todos os membros que se queiram juntar. A subscrição pode ser feita através do site http://cienciaportugal.org.