Cada vez são mais as empresas que procuram demarcar-se como “top employers”, dando muita importância ao desenho e experiência do seu local de trabalho. Estes esforços serão ainda mais valorizados após o período de “isolamento laboral” causado pela Covid-19.
O estudo “Smart Workplaces”, realizado pela Robert Walters junto de empresas e profissionais de diferentes áreas e sectores em Portugal e Espanha, destaca que os inquiridos atribuem a um local de trabalho atrativo e atual qualidades como um design inovador e amigável, que facilite a colaboração com os colegas de trabalho, um ambiente que inspire a trabalhar e a ser criativo, com suficientes espaços de reunião, zonas de descanso e áreas que permitam a concentração total e, finalmente, um lugar onde estejam disponíveis as últimas tecnologias.
Cada colaborador é incentivado por diferentes fatores no seu local de trabalho. Há profissionais que são mais produtivos em espaços silenciosos ou ruidosos, no escritório ou em casa, em espaços abertos ou fechados. Dependendo da natureza do sector a que pertence a empresa e das dinâmicas de trabalho das suas equipas, há certos desenhos de escritório que encaixam melhor do que outros. “Por exemplo, os profissionais do sector tecnológico costumam ser mais favoráveis a espaços abertos ou semi-abertos, enquanto os profissionais do sector de engenharia ou os advogados preferem trabalhar em espaços mais compartimentados, devido ao tipo de funções que exercem. Para além destas diferenças sectoriais, o ideal é conhecer a opinião da maioria dos empregados da empresa a partir do departamento de recursos humanos e daí procurar oferecer espaços de trabalho de acordo com as necessidades”, comenta François-Pierre Puech, Senior Manager da Robert Walters Portugal.
Espaços semi-abertos
Sete em cada 10 profissionais preferem trabalhar em espaços semi-abertos, uma combinação entre open space e salas compartimentadas, percentagem que se encontra alinhada com 71% das empresas que já contam com esta disposição no seu escritório atualmente.
Por outro lado, 24% das empresas oferecem apenas um open space, local de trabalho totalmente aberto em que não existe uma separação visual entre as diferentes zonas de trabalho. 20% dos profissionais inquiridos preferem trabalhar em escritórios com esta disposição.
Atualmente, os espaços totalmente fechados ou compartimentados são os menos populares, pois apenas 5% das empresas oferecem este desenho no seu escritório e apenas um em cada 10 profissionais prefere trabalhar neste tipo de espaço (12%).
“Os espaços semi-abertos são os que permitem a criação de diferentes zonas funcionais dentro de um escritório. Este tipo de áreas com um propósito específico possibilitam a revolução do espaço de trabalho para um smart workplace, em que é possível conciliar diferentes personalidades e estilos de trabalho: aquele que precisar de trabalhar num espaço ruidoso e comunicativo terá o open space para o fazer, aquele que necessite de um espaço fechado para se poder concentrar em alguma tarefa contará com uma sala dedicada a esse objetivo, aquele que precisar de um lugar para facilitar a criatividade e ‘brainstorming’ de ideias terá uma sala de inovação e novas tecnologias, existirão cabines isoladas para a realização de chamadas ou videoconferências sem incomodar os colegas de trabalho, entre outras opções”, explica José Miguel Rosenbusch, Manager na divisão de Sales & Marketing na Robert Walters.
Com valor funcional
Os três espaços funcionais mais valorizados pelos profissionais inquiridos são as salas para trabalhar em equipa (64%), as cabines para realizar chamadas telefónicas ou videoconferências (50%) e as salas de inovação ou novas tecnologias (46%).
Embora uma percentagem significativa de empresas conte com salas para trabalhar em equipa (77%), o mesmo não se pode dizer das cabines ou salas de inovação, pois apenas 31% das empresas contam com as primeiras e 14% com as segundas. Finalmente, 6% das empresas inquiridas não oferecem nenhum tipo de espaço funcional.
“Um design de escritório que ofereça áreas funcionais de acordo com a sua equipa variada será um verdadeiro ‘smart workplace’, pois atenderá às diferentes necessidades dos seus empregados. Dependendo da natureza e do sector da empresa, os tipos de perfis de funcionários e estilos de trabalho serão diferentes, porém, alinhar as preferências da equipa ao design do espaço do escritório favorecerá a atração e retenção de talento, produtividade e bom ambiente de trabalho. Construir um ‘smart workplace’ não se limita oferecer um espaço visualmente atrativo: para além de um design moderno, é necessário criar espaços heterogéneos e funcionais que estejam de acordo com os novos modelos, valores e práticas de trabalho, assim como adotar as tecnologias que sejam necessárias”, conclui José Miguel Rosenbusch.
Hot Desks
Para além das preferências dos profissionais e organizações, os espaços abertos ou semi-abertos já demonstraram criar uma atmosfera que favorece mais a colaboração entre empregados de diferentes funções e senioridades, principalmente se incluem o conceito de hot desks. 64% dos profissionais gostariam de poder contar com este tipo de sistema, pelo contrário, apenas 17% das empresas já o aplicam.
De entre as suas principais vantagens, oferecer “hot desks” permite poupar custos no espaço de escritório. É totalmente compatível com os modelos flexíveis de trabalho (horários flexíveis e teletrabalho, por exemplo) e a proximidade: todos os empregados se sentem mais próximos dos restantes membros da empresa, rompendo-se, assim, barreiras de comunicação.
A contrapartida é que os níveis de ruído de fundo podem afetar negativamente os profissionais que precisem de concentrar-se no open space.
“O sistema de ‘hot desks’ baseia-se na teoria de que nunca vai ser necessário ter uma mesa de trabalho por empregado ao mesmo tempo: certas pessoas estarão a rodar pelas diferentes salas de reunião, a trabalhar a partir de casa, a viajar por trabalho, numa reunião fora do escritório ou terão diferentes horários de trabalho. Consequentemente, neste tipo de escritório, não há uma mesa por pessoa, mas sim 25% menos de mesas de trabalho que o número total de empregados.Trata-se de um sistema minoritário, por enquanto (apenas 17% das empresas estão a utilizá-lo no seu modelo de escritório), mas considera-se que terá um aumento nos próximos anos quando os modelos flexíveis de trabalho se tornarem mais comuns”, termina François-Pierre Puech.