Devido ao impacto do novo coronavírus, o comércio internacional deverá diminuir entre 10% e 16%, em 2020.
As previsões são de Matthias Jørgensen, chefe para a América Latina da unidade de Comércio da União Europeia, que adiantou, ainda, que as exportações deverão experimentar uma redução entre 9% e 15%, enquanto as importações de países não pertencentes à Europa deverão diminuir entre 11% e 14%.
Durante a jornada intitulada “O comércio internacional e o seu papel na saída da crise da Covid-19”, celebrada para dar a conhecer a agenda comercial da União Europeia e o papel do comércio internacional na recuperação económica, Matthias Jørgensen explicou que o multilateralismo e as cadeias de valor globais são fundamentais para fazer face a esta crise económica derivada da pandemia, assim como a futuras crises, de uma maneira coordenada e integrada, tal como é a aposta da União Europeia.
Revisão da política comercial europeia
Nesse sentido, Matthias Jørgensen apelou à participação na consulta pública, aberta até 15 de setembro, para a revisão da política comercial europeia. Sob um modelo de “autonomia estratégica aberta”, Bruxelas considera que a União Europeia deve reforçar a sua capacidade para defender os seus interesses de forma independente e assertiva, mas jamais de maneira isolada ou protecionista.
Simultaneamente, considera-se que a União Europeia tem de se defender ainda melhor das práticas desleais, como, por exemplo, as ajudas de estado ilegítimas ou a não reciprocidade no acesso a compras públicas.
Durante a jornada, foram salientadas as vantagens dos recentes acordos comerciais celebrados com Singapura, em vigor desde novembro de 2019, e com o Vietname, em vigor a partir de agosto, assim como daqueles que estão pendentes de ratificação, como com o México e o Mercosur. Entre as vantagens inclui-se a forte redução ou eliminação de praticamente todas as tarifas, menos custos e perda de tempo através de reconhecimentos mútuos, como certificações ou normas técnicas, assim como a facilitação dos investimentos e abertura das licitações públicas a empresas europeias.
De igual modo, destacou-se o facto dos acordos comerciais respeitarem a legislação europeia vigente e defenderem uma globalização sujeita a regras, com especial foco na saúde pública, luta contra as alterações climáticas, condições laborais, standards fitossanitários, combate às falsificações e à corrupção.