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Campos e Cunha perspectiva fase de expansão para a indústria de bens duradouros no 7º Encontro da AGEFE
2007-05-29

"Aproxima-se uma fase de expansão para a indústria de bens duradouros em Portugal". Esta foi uma das previsões apontadas por Luís Campos e Cunha, ex-ministro das Finanças, durante o jantar-debate realizado esta noite, 29 de Maio, em Tomar, no âmbito do 7.º Encontro Nacional de Electrodomésticos e Electrónica de Consumo da AGEFE.

Para o professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, esta conclusão deriva do facto desta indústria acompanhar os ciclos da economia nacional, sendo fortemente afectada pelo comportamento do consumo. "Com o tempo, a instabilidade tende a passar, o que leva as pessoas a acreditarem na economia e lhes dá confiança para o consumo". Durante a sua intervenção "Competitividade e o papel do Estado", Luís Campos e Cunha traçou o percurso da economia portuguesa tendo por horizonte o ano de 2013, perspectivando que, pela, primeira vez, se tem "um vislumbre de poder vir a existir uma política orçamental anti-cíclica, quando as finanças públicas estiverem em ordem".

Apoiando-se no índice Global Competitiveness Index, que coloca Portugal no 34.º lugar entre 125 países, Luís Campos e Cunha procurou detalhar quais os principais problemas que afectam a competitividade da economia portuguesa. E, surpreendentemente, Portugal revela mesmo performances superiores a países tradicionalmente mais desenvolvidos, em áreas como a saúde e educação, por exemplo. Mas o mesmo índice mostra que o grande problema da economia nacional reside ao nível macro-económico, onde Portugal aparece apenas na 80.ª posição. "O ambiente macro-económico é o maior obstáculo ao crescimento e competitividade da economia e apenas secundariamente os aspectos tecnológicos são relevantes", salientou.

Dentro do ambiente macro-económico, o problema orçamental é o mais destacado, pelo que o ex-ministro das Finanças procurou desmistificar algumas questões de fundo, como a eficácia dos gastos públicos como estabilizadores e do investimento público como dinamizador da economia. Tendo por base alguns estudos oficiais, Luís Campos e Cunha rematou que "os orçamentos expansionistas são insustentáveis e dão uma mensagem errada ao mercado" e que o investimento público não actua como o grande dinamizador da economia, tanto mais que Portugal foi dos países da Zona Euro que mais investiu nos últimos anos, sem que esse investimento se tivesse repercutido no crescimento da economia.

Assim, tendo como horizonte 2013, e para que o Pacto de Estabilidade seja respeitado, terá que continuar a haver um esforço no sentido da redução das despesas tradicionais. "A política orçamental é o único instrumento que ainda está nas mãos do Estado português, porque toda a política de comércio externo está em Bruxelas e a política monetária está no Banco Central Europeu. Este é o único instrumento anti-cíclico e só o poderá ser com as finanças públicas em ordem. O que significa que a sustentabilidade das finanças públicas não acaba em 2009. É um trabalho, provavelmente, para duas legislaturas".


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L.Branca/PAE

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