Os analistas do banco de investimento norte-americano JP Morgan defendem que a Mercadona, líder da distribuição alimentar em Espanha, seria a melhor saída da crise para a DIA.
“Em última instância, o destino da DIA poderá estar nas mãos da Mercadona”, pode ler-se na análise da JP Morgan.
Os analistas justificam esta potencial operação com o facto da empresa liderada por Juan Roig ser três vezes maior que a DIA, contar com 2.600 milhões de euros de caixa e manter uma agressiva política de investimento de capital. Intitulado “2019, o ano que se avizinha: a venda a retalho de alimentos é difícil, o catering é mais seguro e os hotéis baratos”, o estudo avança com as previsões para as empresas de retalho cotadas. A Mercadona é mencionada em 13 ocasiões, sendo comparada com outras cotadas, como o Carrefour e a Jerónimo Martins.
O estudo explica que a situação vivida pela DIA se deve a uma “estratégia equivocada e má execução”. A JP Morgan justifica esta análise com o facto de se encontrar num mercado em Espanha e Portugal onde as margens estão “muito espremidas” e destaca a perda da batalha e investimento por metro quadrado com concorrentes como a Mercadona, o Lidl ou as cadeias regionais. “O aumento das receitas ou vendas brutas é pouco provável, num contexto de perda do apoio dos fornecedores e dos danos para a marca”.
A JP Morgan salienta ainda que a DIA tem um “péssimo historial de gestão anterior”, com quatro revisões em baixa da sua perspetiva de lucro em quatro anos.
O cenário contemplado pelos analistas é, contudo, difícil e complexo e representaria uma grande revolução para a Mercadona. Esta assenta em lojas entre os 400 e os 2.500 metros quadrados, enquanto a DIA possui um leque de lojas e insígnias que não se enquadram no seu modelo. Por outro lado, convém ter em conta o processo de expansão para Portugal e a aposta na venda online e, acima de tudo, que a sua expansão sempre se fez de modo orgânico.
A JP Morgan considera que a DIA está em risco de aquisição, uma possibilidade desde a entrada do fundo de investimento LetterOne no seu capital. Atualmente, o fundo possui 29% das ações, o que o coloca no limite da OPA. Além disso, durante a crise, especulou-se sobre a possibilidade de compra por parte da Amazon.
Os analistas esperam que o grupo recupere a confiança dos investidores com as mudanças preconizadas pelo seu conselho de administração e confiam no rumo definido pelo novo CEO, Borja de la Cierva.