Existem três grandes tendências no universo dos bens de grande consumo. Por um lado, os consumidores compram em menor quantidade, mas gastam mais em cada ida ao hipermercado. Por outro, não se importam de pagar mais por produtos mais saudáveis. Além de que Portugal está acima da média europeia no que toca à experimentação de novos produtos. Este facto pode ser explicado pelo crescimento da atividade promocional, que tem levado à experimentação de novas marcas e ao aumento das compras exclusivas em promoção.
Dados do estudo Marcas+Consumidores, uma parceria da Centromarca com a Kantar Worldpanel que mostra que, de facto, os novos produtos já representam 14% do sortido das lojas portuguesas, um valor acima da média europeia. Note-se ainda que, de acordo com o estudo, a Sonae foi a insígnia que mais referenciou as inovações a nível europeu, com 76% dos produtos novos em 2014.
Globalmente, nos últimos três anos, houve uma tendência de redução do sortido, exceto em Portugal, que estabilizou nas 67 categorias. “A inovação introduzida no mercado é fundamental, mas, no caso português, os novos produtos são mais renovação (novo sabor, tamanho ou variante) do que inovação (nova marca ou sub-marca). Portugal está acima da média europeia no que diz respeito ao total das vendas de novos produtos (13,5% versus 16%), o que o posiciona como um dos países ‘mais inovadores’ quando comparado, por exemplo, com Espanha, Polónia, Alemanha ou Bélgica”, nota Pedro Pimentel, diretor geral da Centromarca.
A tendência é, no entanto, negativa, observando-se um decréscimo de três pontos percentuais desde 2012. Um dos motivos capazes de explicar o fenómeno prende-se com o facto dos preços dos novos produtos, na generalidade dos países europeus, incluindo em Portugal, serem 34% superiores à média dos valores praticados, “o que, conjugado com as dificuldades económicas e a compressão do orçamento disponível das famílias neste período, tornou as marcas e retalhistas menos ambiciosos no que refere ao lançamento de produtos inovadores".