O mercado de Fast Moving Consumer Goods (FMCG) registou um decréscimo de 1% em volume e um aumento de 2,1% em valor no último trimestre de 2016, números que confirmam a tendência dos portugueses para comprar menos quantidade, mas gastar mais a cada ida ao hipermercado.
Esta é uma das principais conclusões da terceira edição do estudo “Marcas+Consumidores” da Centromarca, em parceria com a Kantar Worldpanel, apresentado esta quinta-feira, dia 2 de março, no Deloitte Hub, em Lisboa. Estudo que indica ainda que os “shoppers” portugueses estão mais atentos à inovação e querem mais uma conveniência na hora de ir às compras. “Verificou-se uma evolução positiva do comportamento do consumidor ao longo de 2016. Essa evolução resulta essencialmente do aumento do valor dos produtos que leva para casa, sendo de notar que esse incremento supera amplamente a inflação alimentar. Há categorias de produto em que essa nova escolha é mais significativa e parece consolidar-se alguma diferenciação do comportamento do consumidor entre os centros urbanos mais populosos e as restantes regiões do país”, explica Pedro Pimentel, diretor geral da Centromarca.
Os dados mostram que o universo FMCG continua positivo, mas menos dinâmico do que há um ano, em parte pela menor quantidade de produtos comprada, que tem impedido o crescimento do sector. Este foi essencialmente penalizado em volume pelas categorias da alimentação (-1,4%), higiene pessoal e beleza (-0,6%) e bebidas (-0,1%) face ao mesmo período do ano anterior.
De acordo com dados, são os lares dos distritos mais populosos, e onde existe um maior poder de compra, que fazem as tendências negativas. Isto porque se encontram a desviar o seu consumo de dentro para fora de casa, penalizando os resultados. Por exemplo, leite, carne, frutas, legumes, arroz, bacalhau seco e caldos fazem 75,4% do decréscimo nos lares mais populosos, por esta transferência de consumo para fora do lar, enquanto nos lares menos populosos, frutas, legumes, ovos, iogurtes, conservas de legumes e gelados fazem 75,5% do crescimento.
Já a categoria da limpeza do lar apresentou-se em contraciclo, crescendo 1,2%, e foi a grande impulsionadora do aumento do volume da cesta. Muito por “culpa” da atividade promocional, já que 20,8% do volume de compras em “home care” foi realizado em promoção, mecanismo responsável pela totalidade do crescimento da categoria. Não será, por isso, de estranhar que a limpeza caseira inverta a tendência positiva em 2017, dado o efeito da stockagem realizada para aproveitar as promoções.