Após ter regressado, no verão, à liderança dos supermercados mais baratos, depois de alguns anos de ausência, o Continente manteve o primeiro lugar na última atualização do índice de preços, feita pela Associação de Defesa do Consumidor (DECO).
Ao todo, foram analisados mais de 46 mil preços e visitadas quase cinco centenas de lojas, incluindo cinco supermercados online, em todos os distritos, incluindo Açores e Madeira. Os resultados assentam numa pesquisa dividida em dois cabazes: “Marcas” e “MIX”. No primeiro, a DECO incluiu 92 produtos das marcas mais vendidas em Portugal, representando o consumo médio das famílias portuguesas. Já o segundo é composto pelos mesmos 92 produtos, mas alguns foram substituídos por alternativas mais baratas, simulando o perfil da família que dá prioridade à poupança. No total, são nove categorias em análise: mercearia, fruta e legumes, carne, peixe, laticínios, bebidas, congelados, higiene pessoal e limpeza da casa.
Face ao estudo feito no verão, o Continente aumentou em mais um o número de distritos onde é o supermercado mais barato: 17. Nos Açores, partilha a liderança com a Solmar e no Porto é destronado pelo Jumbo, o segundo retalhista mais barato a nível nacional. O Continente conseguiu, então, neste par de meses afirmar-se também no distrito de Setúbal, que no verão era liderado pela insígnia do Grupo Auchan.
Como destaca o Haitong na sua análise a este estudo, na pesquisa anterior, o principal investimento feito ao nível do preço tinha sido nos frescos. Nesta vaga, o Continente melhorou também significativamente o seu preço na mercearia seca, distanciando-se em seis pontos percentuais face ao Lidl, em sete pontos percentuais face ao Intermarché, em oito pontos percentuais face ao DIA e em nove pontos percentuais face ao Pingo Doce.
Segundo a DECO, no distrito de Lisboa, fazer compras no Continente representa uma poupança anual de 347 euros face à loja mais cara e em Viseu a poupança é de 351 euros por ano.
Mesmo no cabaz composto por alternativas mais baratas, o Continente manteve a liderança nos frescos e, além disso, melhorou a vantagem relativamente ao Pingo Doce, a segunda insígnia mais barata, de 10% para 13%, e ao Intermarché, de 14% para 15%. O Haitong assinala que, no caso do Pingo Doce, os resultados da pesquisa são mais fracos, mesmo focando apenas o segmento da proximidade, uma vez que a insígnia da Jerónimo Martins perdeu parte da sua vantagem tanto face ao DIA, de 6% para 4%, como ao Lidl, de 7% para 5%, no cabaz de produtos de marca.
O Pingo Doce partilha o terceiro lugar com o Intermarché, seguindo-se Minipreço e Lidl. A insígnia do Grupo DIA melhorou o seu posicionamento de preço comparativamente ao Pingo Doce, mas perdeu um pouco de terreno para o Lidl no cabaz principal. No cabaz de produtos mais baratos, os preços do Minipreço estão agora em linha com os do Lidl e Intermarché e a distância para o Pingo Doce encurtou quatro pontos percentuais.
A melhoria do Continente só é possível, no entender do Haitong, porque a Sonae tem vindo a alterar a sua estratégia promocional, transferindo o grosso dos descontos oferecidos através de cartão para descontos em dinheiro. O banco antecipa que o investimento feito nos preços tenha um impacto positivo nas vendas comparáveis do Continente no terceiro trimestre e acredita que estes resultados irão a ajudar a consolidar a imagem da insígnia da Sonae como líder nos preços, algo que poderá ser particularmente importante à beira da época de Natal.
Na edição de 2016 do seu estudo sobre os preços dos supermercados, a DECO mostra como é possível poupar mais de 500 euros num só ano. Basta que os consumidores se desloquem algumas centenas de metros, por vezes na mesma rua, para conseguir poupanças imediatas que representarão algumas centenas de euros em carteira ao longo do ano.