No ano de 2015, o volume de mercadorias movimentadas nos portos comerciais, em tráfego internacional e de cabotagem nacional, ascendeu a 83,9 milhões de toneladas, nos diversos tipos de acondicionamento. Este é o volume mais elevado de sempre, superior em 7,9% ao valor registado em 2014, correspondente a 6,16 milhões de toneladas.
Esta variação global é explicada por comportamentos distintos registados quer a nível dos fluxos de tráfego, em termos de origem e destino das mercadorias, quer a nível da tipologia da forma de acondicionamento usado para efetuar o seu transporte, quer também em termos de atividade desenvolvida pelos vários portos do continente, que integram o sistema portuário.
Em termos de fluxo de tráfego, verificou-se um aumento do volume das importações, em 12,5%, e das exportações, em 6,5%, e uma quebra do tráfego de cabotagem nacional de 7,9%.
Relativamente à forma de acondicionamento de mercadorias, o tráfego de carga geral fracionada foi o único a registar uma contração, de 2,2%, tendo o dos granéis líquidos aumentado 13,2% e o de carga Roll-On/Roll-Off, de carga contentorizada e dos granéis sólidos aumentado, respetivamente, 51,3%, 6,7% e 4,1%. Este último por efeito do aumento de 18,5% na importação de carvão.
O porto de Sines registou um acréscimo de 6,16 milhões de toneladas de mercadorias movimentadas, correspondente a mais 17,6% do que em 2014. Nos restantes portos verificaram-se acréscimos de 4,8% em Leixões, 3,9% em Aveiro e 11,1% em Faro e decréscimos de 7% em Viana do Castelo, 2,2% em Lisboa e de 7,5% na Figueira da Foz e Setúbal.
No que respeita ao país de registo dos operadores de transporte marítimo responsáveis pela atividade desenvolvida, a Suíça apresentou o maior volume de mercadorias movimentadas em 2015, com 20% do total, seguindo-se Portugal, com 11,3%, e o Reino Unido, com 8,8%. Ao nível de tráfego internacional, Portugal posicionou-se na sétima posição, com 4,4% de tonelagem de mercadorias, sendo que no tráfego doméstico os operadores de transporte com registo em Portugal representam 76,5% da carga, posicionando-se assim na primeira posição.
O porto Sines foi também o porto que registou um maior volume de movimentação de mercadorias, com 49,2% do total, ganhando quatro pontos percentuais (comparativamente a 2014) aos restantes portos. Seguiram-se os portos de Leixões, com 20,8%, e Lisboa, com 12,6%. Este comportamento foi influenciado pelos segmentos de mercado constituídos pela importação de petróleo bruto, carvão e gás natural em Sines e Leixões e importação de cereais em Lisboa.
As mercadorias movimentadas nos portos do continente, no âmbito da cabotagem nacional, totalizaram cerca de 8,4 milhões de toneladas, um valor inferior ao registado em 2014, em 7,9%. No entanto, Sines e Leixões foram os portos que mais contribuíram para este tráfego, por efeito da sua função distribuidora para outros portos dos produtos petrolíferos processados nas refinarias localizadas na sua proximidade.
Dado o acréscimo verificado no tráfego de importação (12,5%), o volume de mercadorias movimentadas neste segmento ascendeu a 45 milhões de toneladas, no qual o porto de Sines, impulsionado pelo tráfego de transhipment, representou 54%, um aumento de 17,7% face a 2014, e os portos de Leixões, Aveiro e Setúbal registaram variações positivas de 12,7%, 24,3% e 4,8%, respetivamente.
A Europa foi o continente com um maior volume de carga importada, representando 43,8% do total, seguida da América e África, com um peso de 25,9% e 24,7%, respetivamente. O petróleo bruto e gás natural, oriundos de Angola, Rússia, Egito e Argélia, foram as mercadorias que representaram um maior peso nas importações, a par dos produtos de agricultura da Ucrânia, França e Brasil, que também registaram uma fatia importante neste sector.
Ainda no âmbito do tráfego internacional, o tráfego marítimo de exportação cresceu 6,5% em 2015, atingindo 30,5 milhões de toneladas, representando assim 40,4% do total. O porto de Sines foi determinante para este resultado, registando um crescimento de 26,9% e atingindo uma quota de 45,3%, beneficiando, naturalmente, do volume de transhipment que efetua.
O volume mais elevado de exportações foi para o continente europeu, com 43,7% do total (mais 10,3% face a 2014), seguido do continente africano, com 28,2% (-4,5%) e do americano, com 19,8% (+7,1%). Em termos de mercadorias exportadas, merecem especial atenção os produtos petrolíferos refinados, os produtos alimentares, bebidas e tabaco e outros produtos minerais não metálicos.
Os principais países de destino das exportações nacionais foram, ao nível europeu, Espanha, Países Baixos, Reino Unido, França e Alemanha, representando 71,7% do total. Em África, os principais destinos foram a Argélia, Angola, Marrocos, África do Sul e Cabo Verde, num total de 72,3%, e na América, cerca de 81% das exportações portuguesas destinaram-se aos Estados Unidos da América, Brasil, Canadá e Colômbia.
Os navios de carga geral foram os que mais se destacaram em termos de escalas efetuadas nos portos comerciais do continente, representando 35,8% do total, um decréscimo de 2,9% face a 2014. Os navios de contentores ocupam a segunda posição, registando uma quota de número de escalas de 32,5% e uma taxa de crescimento de 4,1%, seguindo-se os navios de granéis líquidos com uma representação de 19,6% e um ligeiro aumento do número de escalas (0,8%).
Relativamente à dimensão dos navios que escalam os portos do continente, verifica-se um progressivo aumento, merecendo especial destaque os navios com arqueação bruta (GT) entre 20 a 40 mil, com uma taxa média anual de crescimento de 16,1%, registada no período de 2011 a 2015.
O número de navios de bandeira portuguesa em registo convencional tem vindo a diminuir, mantendo, no entanto, no ano de 2015, o mesmo número de navios (10) que no ano transato, destacando-se oito porta-contentores afetos ao tráfego de cabotagem.
No final de 2015, encontravam-se registados 280 navios no Registo Internacional de Navios da Madeira (RIN-MAR), nas diversas tipologias, com especial destaque para os porta-contentores, representando 46,1% do total (mais 92,5% face a 2014), seguindo-se os graneleiros, com uma quota de 12,9% (+63,6%) e os de carga geral, com 9,6% (duplicando o seu número de registos no ano de 2015).