A edição de outubro do EY Eurozone Forecast (EEF) salienta o enquadramento favorável da Zona Euro, beneficiando de preços de energia mais baixos, de uma taxa de câmbio mais competitiva e de uma procura sólida no Reino Unido e nos Estados Unidos da América (EUA). As projeções do estudo indicam, ainda, um pico no aumento da confiança e do investimento para 2016, que conduzirão a um crescimento do PIB de 1,6% este ano para 1,8% em 2016.
O consumo continua a ser a chave da recuperação da Zona Euro no segundo semestre. A fragilidade do preço do petróleo continua a favorecer um aumento do rendimento familiar, enquanto melhora também a perspetiva sobre a evolução do mercado de trabalho. O EEF perspetiva um aumento do consumo privado de 1,7% em 2015, o mais forte desde 2007. No entanto, com a recuperação dos preços da energia, espera-se que o ritmo dos gastos abrande para 1,4% em 2016 e, em média, 1,4% entre 2017 e 2019.
Os riscos sistemáticos com que a Zona Euro se deparou nos últimos anos – crise financeira e deflação – estão a desvanecer. Também o recente acordo entre a Zona Euro e a Grécia sugere um apetite renovado para compromissos de ambos os lados.
Segundo Tom Rogers, Senior Economic Adviser do EY Eurozone Forecast, “os fatores internos e externos alinharam-se para uma recuperação mais forte da Zona Euro em 2015-2016. O abrandamento dos mercados emergentes é uma preocupação, mas é balanceado pela força de mercados de exportação, como os EUA e o Reino Unido. Entretanto, os consumidores dão sinais de maior confiança nas perspetivas do mercado de trabalho e, com o fim do pior da austeridade, vai diminuir o contrapeso da política fiscal sobre o crescimento”.
Mark Otty, responsável da EY na região EMEIA (Europa, Médio Oriente, Índia e África), acrescenta que “depois da incerteza do verão, a Zona Euro está a caminhar para um crescimento lento, mas constante. Parece ter-se estabelecido um processo de recuperação estável e isto quererá dizer que, em média e ao longo do tempo, as condições vão melhorar para todos na Zona Euro. No entanto, nos próximos anos, o desemprego irá continuar a ser uma questão importante. Esperamos que a taxa de desemprego caia de modo constante, enquanto a recuperação se torna mais concreta, mas não irá baixar dos 10% até 2019. As empresas a operar na Europa devem ambientar-se a este “novo normal” de crescimento lento, mas estável, na Zona Euro."
As exportações da Zona Euro registaram a maior taxa de crescimento dos últimos quatro anos no segundo trimestre, beneficiando quer do euro mais fraco, quer do crescimento mais rápido nos EUA e no Reino Unido. O EEF estima que as exportações cresçam até 4,8% este ano, antes de abrandarem para 4% em 2016 e, depois, para 3,6% em 2017 e 3,4%, em média, entre 2017 e 2019. Esta evolução deve-se ao menor crescimento das economias avançadas e ao aumento da incerteza quanto ao abrandamento na China e à recente turbulência no mercado financeiro.
Como resultado do aumento do consumo e das exportações, a rentabilidade está a melhorar nas empresas da Zona Euro. O EEF prevê que o investimento total de capital cresça 2,4% em 2016, significativamente mais rápido do que este ano, antes de aumentar para 2,8% em 2017 e de estabilizar nos 2,6% entre 2017 e 2019.
Com a Zona Euro em modo de crescimento, muito do trabalho de ajustamento orçamental vai ser feito pelo aumento das receitas dos impostos. No entanto, os elevados níveis de dívida acumulados nos anos da crise levam a que o EEF considere que os gastos governamentais se irão manter contidos por algum tempo, antecipando um modesto crescimento de apenas cerca de 1% ao ano entre 2015 e 2019.