O risco representa uma caraterística intrínseca à actividade empresarial em Portugal e dois terços das PME nacionais acreditam estar expostas ao mesmo, revela um estudo da Universidade Portucalense (UPT).
Ao todo, foram 109 as PME que participaram neste estudo, o qual tinha como objectivo constatar a percepção e a sensibilidade ao risco e à sua gestão por parte das PME Excelência de Portugal Continental. “Ao analisar as respostas aos inquéritos enviados às mais de 100 empresas que fazem parte da amostra do estudo, percebi que estamos perante uma visão moderna do conceito de risco. Apesar de existir uma ligeira tendência por parte das empresas que consideram o risco como algo negativo, o lado positivo do risco não é descurado”, explica Miguel Pires, autor do estudo que foi desenvolvido no âmbito do Mestrado em Gestão da UPT.
A complexidade no processo de gestão de risco e a falta de conhecimento sobre o tema são as principais razões apontadas pelas empresas para não existir maior ciência e aplicação na gestão de risco.
Por outro lado, as respostas das empresas envolvidas no estudo da UPT mostram que os principais benefícios que se obtêm com a gestão de risco são de cariz interno, como um melhor funcionamento organizacional através da gestão adequada dos recursos da empresa e prevenção de comportamentos inadequados.
“Quis que a amostra do estudo fosse composta por PME de Excelência, uma vez que estas se caracterizam pelo seu superior desempenho a nível económico. As PME representam 99,9% do tecido empresarial português e empregam 78,5% da população activa”, revela o autor do estudo.
O estudo da Portucalense revela, ainda, que os factores de risco financeiro com maior importância para as empresas referem-se ao pagamento de clientes (94,5%) e ao pagamento a fornecedores (86,1%). Relativamente ao risco legal, o estudo mostra que alterações na legislação fiscal (91,6%) e na legislação ambiental (80,8%) são os factores mais importantes para as PME.
O risco de imagem da empresa foi, também, avaliado, e os elementos má conduta dos colaboradores (84,4%), incumprimento de leis e regulamentos (83,5%), falhas operacionais (83,4%) e acções judiciais (79,8%) foram eleitos pelas empresas como de grande importância.
O estudo da Universidade Portucalense conclui, ainda, que a gestão de risco nas empresas portuguesas é, em grande escala, entendida como uma técnica com contributo a nível empresarial, capaz de minimizar ou mitigar os efeitos do risco, mas também no aproveitamento de oportunidades.