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Estagnação da economia europeia obriga exportadores retalhistas a virarem-se para o Brasil
2012-03-27

Excepção feita à Alemanha, onde a procura de bens de consumo duradouros apresenta um crescimento saudável, por toda a Europa, o sector do retalho vive uma conjuntura negativa associada a aumento de custos, redução de margens de lucro e concorrência feroz. Os principais afectados são os subsectores vinculados ao comércio de bens de consumo duradouros (cuja vida útil é superior a um ano), como electrodomésticos, móveis, eletrónica de consumo ou comunicações.

Segundo a Crédit y Caución, apesar das perspetivas pouco animadoras para o sector do retalho, na maioria dos países europeus existe motivo para algum optimismo, principalmente para os exportadores estrangeiros orientados para o mercado brasileiro, já que todos os indicadores deste país sobre bens de consumo duradouros registam um forte crescimento. Paralelamente, nos Estados Unidos, a retoma na venda de casas usadas pode ser interpretada como um sinal positivo para o estímulo da venda de mobiliário e electrodomésticos.

Espanha com tendência de queda em todos os subsectores

Segundo dados do Instituto Nacional de Estadística, de 2011, as vendas no sector do retalho caíram, em Espanha, 5,8 por cento face a igual período do ano anterior, registando o subsector não alimentar uma quebra de 7,5 por cento. Esta tendência manteve-se em Janeiro de 2012, com uma queda do comércio retalhista de 4,8 por cento face a igual período de 2011.

Durante os nove primeiros meses de 2011, o volume de negócios registado pelo subsector da venda de móveis recuou 5,2 por cento face ao ano anterior.

Nesse mesmo peróodo, as vendas a retalho de equipamentos informáticos e de electrónica de consumo caíram 3,8 e 5,6 por cento, respectivamente. No subsector dos electrodomésticos, a quebra no volume de negócios foi bastante mais acentuada, com uma redução de 16,8 por cento, em grande parte, devido aos actuais ajustamentos em curso no sector imobiliário.

Esta contracção prolongada na procura de bens de consumo duradouros vai levar as empresas retalhistas a procurarem sinergias, a centrarem-se na internacionalização e a ajustarem os custos estruturais. No subsector dos grandes electrodomésticos, o mercado espanhol tem assistido a restruturações frequentes.

França: queda do consumo privado afecta resultados

Em 2012, o comércio de bens de consumo duradouros vai ter, no mercado gaulês, um crescimento económico nulo e um aumento muito moderado do consumo privado (0,2 por cenro segundo as previsões de Consensus Economics de Março).

O subsector das vendas de electrónica de consumo caiu 4,7 por cento, em 2011, sustentado, mesmo assim, pela venda de PC e tablets (+5%).

Outra realidade a destacar no setor do retalho francês é a das vendas online, que parece representar um desafio cada vez maior para o comércio tradicional e um sinal aos retalhistas para adaptarem as respectivas estratégias. Segundo dados do Banque de France, em 2011, o número de franceses que realizou compras online aumentou 11 por cento face a igual período do ano anterior.

Os sinais positivos vão para o subsector dos pequenos eletrodomésticos que prevê manter-se estável, em 2012, depois de um crescimento de 3,3 por cento no volume de negócios em 2011, e para o subsector dos móveis que registou um volume de vendas recorde em 2011, com um aumento de 2,5 por cento. Neste campo, os melhores resultados associam-se ao segmento do mobiliário de cozinha.

Os atrasos nos pagamentos e o número de insolvências devem continuar a aumentar no sector francês do retalho de bens de consumo duradouros. O subsector da linha castanha/electrónica continua a ser o de maior risco, mas como a maioria das empresas desse segmento, em França, se caracteriza por vender uma ampla gama de produtos, este seu “mix” pode ser decisivo para a sua capacidade de resistência em 2012.

Alemanha com maior crescimento em 2012, mas a um ritmo mais lento que em 2011

A Federação Alemã de Comércio (HDE) registou um crescimento nominal do volume de negócios de 2,4 por cento e um aumento das vendas de 1,2 por cento no sector do retalho em 2011 (números excluem a venda de carros, estações de serviço e farmácias).

Nesse ano, o subsector da venda de móveis registou um aumento do volume de negócios de 2,5 por cento, as vendas de electrodomésticos cresceram 3,5 por cento e as vendas no segmento da electrónica de consumo aumentaram 4,5 por cento, impulsionadas principalmente pela venda de smartphones, que cresceu 126 por cento em 2011.

Em geral, a Federação de Comércio HDE espera que as vendas de bens de consumo duradouros permaneçam relativamente estáveis em 2012, prevendo um crescimento nominal de 1,5 por cento para este ano (0,5 por cento ajustado por preço).

A melhoria nos comportamentos de pagamento registada ao longo dos primeiros nove meses de 2011 manteve-se no quarto trimestre, com a maioria das empresas a respeitar os prazos de pagamento.

Brasil: crescimento mantém-se em 2012

Todos os subsectores de bens de consumo duradouros registaram, no Brasil, um sólido crescimento no final de 2011, uma tendência que deverá continuar em 2012, sustentada pelo forte consumo privado que cresceu 4,1 por cento face a 2010. O aumento da inflação nos preços ao consumidor (6,5 por cento em 2011) não teve um impacto significativo nas vendas de bens de consumo duradouros já que, no mercado brasileiro, esses produtos são, por norma, vendidos a prestações.

Outro factor favorável ao sector brasileiro do retalho foi também a queda, no final de 2011, do preço dos produtos de marca branca devido à redução do imposto sobre produtos industrializados (IPI) que se mantém até final de Março. A elevada procura interna, apoiada pela força do real brasileiro a uma taxa de câmbio favorável, tem, paralelamente, impulsionado as importações, nomeadamente de produtos asiáticos de baixo custo, com um impacto negativo para os fabricantes nacionais de bens de consumo duradouros que tentam compensar os seus preços menos competitivos recorrendo, cada vez mais, a serviços financeiros que facilitam o pagamento, como forma de reter clientes.

Outro aspecto a destacar neste mercado brasileiro prende-se com a concorrência feroz no segmento dos equipamentos electrónicos. Os três actores principais (Pão de Açúcar, Ricardo Eletro e Magazine Luiza) estão em constante disputa pela maior quota de mercado. Paralelamente, as fusões e o processo de consolidação do mercado operado nos últimos anos no sector do retalho têm permitido um maior investimento e expansão empresarial, especialmente na região do nordeste e nas cidades de Rio de Janeiro e São Paulo.

Estados Unidos com ligeiro retrocesso do consumo privado em 2012

O consumo privado cresceu 2,2 por cento nos EUA, em 2011, e deve cair dois por cento este ano. Atendendo à permanência do desemprego em níveis elevados e à não progressão do aumento dos salários ao ritmo da inflação, é provável que persista uma maior pressão sobre os gastos de consumo.

Apesar de tudo, no conjunto dos subsectores do retalho de bens de consumo duradouros, o mercado dos electrodomésticos apresenta, nos Estados Unidos, um crescimento, ainda que moderado, com um aumento das vendas de 0,9 por cento entre Janeiro e Novembro de 2011 face a igual período do ano anterior. O aumento das vendas de casas usadas e o consequente aumento dos gastos dos proprietários com a requalificação e melhoria das habitações devem ter um impacto positivo nesse subsector em 2012.

Já o subsetor da elextrónica de consumo caiu um por cento em 2011 em relação a 2010, uma quebra que poderia ter sido significativamente maior, não fosse a venda de telemóveis e tablets ter registado um forte crescimento. Só os tablets representam 10,7 por cento das vendas de electrónica comparativamente com 5,1 por cento em 2010. Este subsector deverá crescer 3,7 por cento em 2012.

Os prazos de pagamento no sector do retalho dos bens de consumo duradouros são, nos EUA, de 30 a 60 dias. Na globalidade, não se prevê, nesse mercado, um aumento substancial das insolvências em 2012.

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L.Branca/PAE

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