O Observador Cetelem revela que o saldo do balanço consumo-poupança para 2011 é, pelo segundo ano consecutivo, negativo em Portugal (-4% em 2010 e - 14% em 2011). Estes valores revelam a prudência dos consumidores, que possuem uma percepção ainda incerta do futuro, num país com taxas de desemprego elevadas, levando-os a poupar mais e a consumir menos.

As medidas de austeridade que têm vindo a ser implementadas no país, e que serão ainda mais duras nos próximos meses, estão a condicionar o comportamento dos consumidores em termos de despesas e de poupança. A crise económica está a pesar muito na carteira dos portugueses e o futuro parece estar marcado por um poder de compra limitado.

Em 2011, 47 por cento dos portugueses prevêem aumentar a sua poupança, uma percentagem mais elevada do que o ano transacto (45%). Já em termos de despesas, apenas 32 por cento têm pretensões de as aumentar nos próximos tempos. Um valor que se encontra muito abaixo da média europeia de 56 por cento, embora seja uma tendência que se verifica em toda a Europa do Sul, mas mais acentuada em Portugal. “As intenções de maior poupança e menor consumo no nosso país já se verificavam no estudo do ano passado, mas agravaram-se bastante este ano”, reforça Conceição Caldeira Silva, responsável pelo estudo do Observador Cetelem em Portugal.

Um outro dado interessante da análise do Observador Cetelem é o facto dos países da Europa Central (Hungria, Polónia, República Checa, Eslováquia e Roménia) continuarem dispostos a consumir. Nestes países, o saldo entre as intenções de consumo e de poupança é claramente a favor do consumo, onde em média, cerca de 80 por cento dos inquiridos tencionam aumentar as suas despesas no próximo ano. Este saldo consegue atingir mais 14 pontos percentuais (pp) na República Checa, mais 10 pp na Polónia e mais sete pp na Eslováquia face ao saldo das declarações do ano passado.