Portugal regista o menor número de aberturas de espaços comerciais das últimas 2 décadas
De acordo com a mais recente edição do estudo “European Shopping Centre Development”, publicado pela consultora imobiliária global Cushman & Wakefield (C&W), no ano passado, Portugal verificou um mínimo histórico em termos de novas aberturas de espaços comerciais. Inauguraram apenas dois centros comerciais no país, o Liberdade Street Fashion do Grupo Regojo e o LeiriaShopping da Sonae Sierra, que resultou da expansão do Continente de Leiria.
Em 2010 também inaugurou o Barreiro Retail Planet, um retail park com cerca de 36.000 metros quadrados de Área Bruta Locável (ABL), mas a C&W não inclui este conjunto comercial nos valores apresentados por não se tratar de um centro comercial.
“Este decréscimo no volume de nova oferta é não só um resultado da actual crise económica, que provocou já, e irá provocar seguramente nos anos que se seguem, quebras no volume de negócios do comércio a retalho bem como sérias dificuldades no acesso ao financiamento. A maturidade do mercado de centros comerciais em Portugal é também outra das razões para este decréscimo na oferta futura, as oportunidades para o desenvolvimento de novos projectos são hoje menos evidentes que no passado e este facto reduz consideravelmente as intenções de crescimento de promotores e retalhistas”, comenta Marta Esteves Costa, “associate” e directora de “research” e consultoria da Cushman & Wakefield em Portugal.
De acordo com a consultora imobiliária, esta evolução da indústria é benéfica para o mercado nacional, pois evita que, ao invés do que pode suceder noutros países europeus, se chegue a um nível excessivo de oferta de espaços comerciais no futuro. A médio prazo é mesmo possível que se atinja algum grau de escassez de espaços de qualidade nas principais localizações de retalho nacionais.
A nível europeu, foram colocados no mercado cerca de 5,2 milhões de metros quadrados de novos espaços comerciais, o que representa uma descida de 30 por cento comparativamente a 2009. Este foi o segundo ano consecutivo de descida na abertura de centros comerciais e representa o valor mais baixo desde 2004.
No entanto, em 2011, prevê-se um aumento de abertura de novos espaços. Até ao final do ano, está prevista a abertura de 6,9 milhões de metros quadrados de novos centros comerciais na Europa. As condições de mercado continuam incertas em grande parte do continente europeu, sendo que a abertura prevista pode sofrer alterações dependendo do crescimento económico, vendas de retalho e procura por parte dos ocupantes. Se todos os projectos forem concluídos a tempo, o total de aberturas de novos espaços irá ter um aumento de 33 por cento comparativamente ao ano passado.
No total, em 2010, foram inaugurados 165 novos centros comerciais na Europa com uma ABL total de 131,9 milhões de metros quadrados. O maior centro comercial a abrir foi o City-Park Grad em Voronezh, com 144.300 metros quadrados, tornando-se no maior centro comercial da Rússia, nos arredores de Moscovo. A Rússia registou o maior número de aberturas de todo o mercado, contabilizando uma quarta parte da abertura de novos espaços no ano passado.
Muitos mercados da Europa Central e Oriental registaram uma subida notável em número e área de espaços comerciais, especialmente a Bulgária que assistiu à abertura de sete novos centros comerciais, o que representa um crescimento de 139 por cento comparativamente com o ano anterior. Na Europa Ocidental, Itália e Espanha foram os países que registaram o maior número de aberturas. Em Itália, abriram 15 novos centros comerciais e houve quatro ampliações em 2010. Em Espanha, abriram sete novos espaços e três ampliações. Alemanha, Portugal e França registaram descidas na actividade de promoção.
A Rússia e a Turquia continuam a liderar em projectos de centros comerciais, com o seu “pipeline” combinado para 2011/2012 a contabilizar mais de 40 por cento do total europeu. Na Rússia, mais de três milhões de metros quadrados de ABL deverão abrir em 2011/12. Na Turquia, está agendada a conclusão de cerca de 1,8 milhões de metros quadrados até ao final de 2012.