Capgemini Consulting Global Trade Flow Index confirma crescimento do comércio à escala global
Os últimos dados recolhidos no final de 2009 sobre o comércio mundial fazem prever níveis de crescimento semelhantes durante o primeiro trimestre de 2010, apesar do declínio à escala mundial dos programas de incentivos criados pelos governo, como medida de combate à crise.
A Capgemini Consulting, marca de consultoria em estratégia global e transformação do Grupo Capgemini, acaba de anunciar os dados que constam da última edição do seu Global Trade Flow Index, que aponta para níveis de crescimento no volume do comércio mundial. Os dados disponíveis revelam um crescimento de 8,5 por cento no comércio mundial, incluindo importação e exportação de bens e serviços em todo o mundo, durante o último trimestre de 2009, em linha com os níveis de crescimento alcançados no mesmo período do ano transacto pela economia mundial.
Este facto aponta para que os três primeiros meses de 2010 mantenham um ritmo idêntico ao registado no último trimestre do ano passado, no que respeita à criação de riqueza das economias em todo o mundo. O crescimento está a ser impulsionado pelo aumento do consumo interno que compensa a diminuição dos incentivos governamentais.
O Global Trade Flow Index revela ainda que nos Estados Unidos, as trocas comerciais, impulsionadas pelo enfraquecimento do dólar, cresceram nove por cento no último trimestre de 2009. Este crescimento registou-se pelo segundo trimestre consecutivo. Por sua vez, a China tornou-se o maior exportador mundial de bens e de mercadorias em 2009, com uma evolução de mais 11 por cento nas suas exportações neste período e por comparação com os resultados alcançados no mesmo período de 2008. Por seu turno, o Brasil ganhou um novo protagonismo no comércio mundial a nível das exportações de produtos agrícolas.
As exportações alemãs, nos últimos três meses de 2009, aumentaram 3,5 por cento em comparação com o mesmo período do ano anterior, apesar do consumo das famílias ter diminuído, assinalando que a recuperação da economia é liderada pelas exportações. O comércio externo da França afirmou-se no último trimestre de 2009, por comparação com o mesmo período em 2008, não obstante os resultados anuais terem sofrido um decréscimo de 20 por cento face aos alcançados no ano de 2008.
Os países do BRIC, excepto a Índia, testemunharam uma melhoria nos seus níveis de consumo interno, enquanto as economias europeias se debateram com o aumento das despesas internas. A China tem vindo a colher os benefícios do forte programa de incentivos no combate à crise, que se manifestou sobretudo no acesso ao crédito fácil e nos fortes investimentos em infra-estruturas. Já o Brasil beneficiou da diminuição das taxas dos impostos implementada pelo governo brasileiro e registou um aumento do consumo interno acompanhado pelo crescimento do mercado interno.
Com base nos dados disponíveis, a Capgemini Consulting prevê que no primeiro trimestre de 2010 o comércio mundial continue a crescer a ritmo idêntico ao do último trimestre do ano transacto, alertando contudo para dois importantes riscos, que poderão reflectir-se nas perspectivas de crescimento do comércio mundial no curto prazo e enfraquecerem ou adiarem os resultados expectáveis. Por um lado, as economias à escala global poderão manifestar dificuldade em se auto-sustentarem, passada que está a fase das fortes medidas de incentivos adoptadas pelos governos em todo o mundo, como forma de combate à crise. Por outro, o ambicioso plano de crescimento da China poderá não se manter depois de terminadas as medidas extraordinárias de combate à crise. “Os fluxos do comércio mundial durante os últimos três meses de 2009 continuaram a registar índices de crescimento a um ritmo semelhante ao registado durante o terceiro trimestre de 2009, o que é um claro indicador de estabilidade na recuperação económica à escala mundial”, explica Roy Lenders, vice-presidente de Supply Chain Management da Capgemini Consulting, avançando que, “contudo, os níveis do consumo interno, nas economias mais desenvolvidas, ainda não apresentam indicadores suficientemente fortes de crescimento, o que é um sinal evidente de que a economia mundial ainda não está em estado de se aguentar sem o apoio dos planos de incentivos de combate à crise, adoptados pelos governos neste âmbito. A grande questão para 2010 será a de saber se o nível do consumo interno irá crescer o suficiente, de modo a compensar o abrandamento das medidas extraordinárias de incentivo à economia adoptadas pelos Governos de todo o mundo em 2009”.