O Carrefour, o número dois da distribuição mundial, prepara-se para sair de Portugal com a venda das 524 lojas Minipreço que possui no país.
A informação é avançada esta quarta-feira, dia 7 de Abril, na edição online do Le Figaro. O jornal francês terá contactado o porta-voz do Carrefour que se escusou a fazer qualquer comentário à informação divulgada.
Esta venda assinala assim o fim da aventura portuguesa do Carrefouir, iniciada em 1990, depois de em 2007 já ter vendido o seu negócio de hipermercados ao Grupo Sonae, por 662 milhões de euros. Restrito à actividade de discount, os resultados do Carrefour em Portugal vinham sendo negativos tendo, em 2009, atingido um volume de negócios de 915 milhões de euros, menos 0,9 por cento que no ano anterior, uma queda ligeira muito esbatida pela abertura de 26 novos pontos de venda. Considerando as vendas numa base comparável, as vendas recuaram 6,8 por cento.
Os analistas já começaram a comentar a notícia avançada pelo Le Figaro. O Espírito Santo Equity Research (ESER) acredita que “o mercado já estava ciente deste potencial negócio” e que a Jerónimo Martins e a Sonae deverão olhar para esta oportunidade. Contudo, os analistas ressalvam que a Autoridade da Concorrência dificilmente permitiria que algum destes operadores adquirisse as lojas, sem restrições significativas. Recorde-se que, quando a Sonae adquiriu os hipermercados Carrefour, a Autoridade da Concorrência impôs condições para que o negócio pudesse concretizar-se, nomeadamente a venda de alguns dos projectos do grupo.
O ESER considera ainda que a compra das lojas Minipreço poderá custar cerca de 800 milhões de euros, um valor que , no caso da Sonae, “provavelmente levaria a um aumento de capital”. Já a Jerónimo Martins poderia adquirir a cadeia sem aumento capital, mas debateria-se com a “enorme sobreposição” desta cadeia de lohas com as lojas Pingo Doce.
Já os analistas do CaixaBI,referem que “a postura dos grandes ‘players’ tem passado por um maior investimento em produtos de marca própria, segmentação de clientes pelo preços e algum investimento em preços mais baixos”. O banco de investimento considera que “esta decisão do Carrefour não é surpreendente” e avança que “face a esta realidade, a consolidação no mercado português deverá continuar a ter lugar” não excluindo que um dos ‘players’ já presente no mercado nacional venha a adquirir estas lojas. “Apesar da estratégia da Jerónimo Martins estar focada na entrada em novos mercados, não será de excluir o interesse do grupo nesta aquisição”.