A crise económica está a ter reflexos nos hábitos de consumo e no índice de confiança em cerca de três quartos dos consumidores, mas há menos três por cento de consumidores pessimistas face a igual período do ano passado, revela o estudo “Radar Crisis” da GfK Metris, que monitoriza os comportamentos e expectativas dos consumidores no cenário de crise.
A terceira vaga deste estudo, lançada em Novembro, iguala os valores de confiança dos consumidores de tempos menos críticos. Os resultados são mais optimistas, revelando que 69 por cento dos inquiridos dizem sentir a crise, menos três por cento que em igual período do ano passado. Contudo, os consumidores ainda se mostram muito receosos e cautelosos face à situação financeira e, por isso, não entram em grandes euforias no que diz respeito ao consumo.
Ao longo do ano de 2009, o consumo foi influenciado pela crise. Categorias mais tecnológicas, como os gastos em chamadas de telemóvel ou com a Internet, sofreram uma diminuição na quantidade consumida, mas mantiveram níveis de consumo na ordem dos 86 por cento para os telemóveis e 53 por cento para a Internet.
De acordo com o estudo GfK, a crise tem sido mais sentida pelas faixas etárias entre os 35-44 anos e os 55-64 anos, respectivamente, por contemplar muitos casais em início de vida, com filhos pequenos e, consequentemente, um leque de despesas muito elevadas com saúde e educação, ou por contemplar a fase da pré-reforma e o trabalho em muitas das empresas e fábricas que faliram este ano e a dificuldade em encontrar um novo emprego nesta etapa da vida.
Em termos geográficos, a zona do país mais afectada foi o Sul, com a contenção de despesas dos inquiridos a centrar-se sobretudo nas despesas supérfluas, o que incluiu gastos com turismo.
Ao longo de 2009, os portugueses adaptaram-se a viver sobre uma nova realidade e intrinsecamente alteraram os hábitos de consumo, já não estando apenas a reduzir por causa da crise. O fenómeno não é exclusivo a Portugal e, segundo um estudo conduzido recentemente nos Estados Unidos da América, os consumidores viram-se forçados a optar por marcas com um menor custo, acabando por ficar surpreendidos com a prestação positiva destes produtos. Estes consumidores, tal como os portugueses, poderão continuar a preferir, em termos absolutos, as marcas premium que utilizaram no passado, mas agora vêem estas alternativas mais económicas como claramente superiores no que ao binómio qualidade/preço diz respeito. Esta situação pode trazer desafios às marcas, principalmente se se levar em conta a importância que a relação qualidade/preço ganhou para os consumidores com a recente crise.
Algumas marcas já tentaram fazer face a esta alteração nos padrões de consumo, lançando sob a sua chancela versões mais económicas dos produtos que comercializam. Assim, deste momento de crise emergiram campanhas de sensibilização, responsabilidade social e apoio aos que estão em piores situações, em particular nesta época natalícia.