APED considera de “irresponsável” pré-aviso de greve dos trabalhadores dos hipermercados na véspera de Natal
“Altamente irresponsável”, foi desta forma que a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) se referiu ao pré-aviso de greve para o próximo dia 24 de Dezembro anunciado por alguns sindicatos do comércio.
Em comunicado enviado ontem, dia 15 de Dezembro, às redacções, a APED avançou não compreender as razões desta “lamentável atitude dos sindicatos”, considerando-a de “altamente irresponsável” e que pode “atentar contra o normal funcionamento do comércio nesta época do ano”, pondo em causa “o direito ao abastecimento dos consumidores”.
A mesma posição foi manifestada também ontem por Belmiro de Azevedo, à margem de uma conferência sobre o futuro da economia nacional. “Não acredito que os sindicatos sejam capazes de levar a ameaça até ao fim e duplamente irresponsáveis, criando desconforto a milhões de portugueses por uma questão de pequeno ataque de baixa qualidade”, disse o empresário, referindo que espera que “a liberdade dos trabalhadores seja mais fundamental do que criar um problema nacional”.
Recorde-se que, na origem do protesto, está a proposta da APED de aumento do horário de trabalho até 60 horas por semana e a actualização salarial acumulada de um por cento no próximo ano. Contudo, segundo a associação das empresas de distribuição, não se compreendem as razões para o protesto, dado que as empresas do sector da distribuição moderna, mesmo em situações de crise, “geram valor, fazem investimentos, criam emprego aos portugueses e dão formação aos seus trabalhadores e, de um modo geral, pagam salários superiores aos mínimos estabelecidos”.
A APED entende ainda que esta posição sindical “extremista, de mera reivindicação social”, esquece a perenidade das empresas e dos respectivos postos de trabalho, “no momento em que as dificuldades económicas e financeiras, de uma gravidade nunca antes sentida, colocam o emprego como uma das prioridades nacionais”.
Manifestando a sua confiança de que a maioria dos trabalhadores do sector não irá corresponder a esta ameaça de greve, a APED garantiu ainda que “não aceita, a pretexto da negociação do contrato colectivo de trabalho, formas de pressão desta natureza que desvirtuam o próprio sentido da greve”, assegurando que as empresas “procederão, no sentido de responder e fazer face às eventuais dificuldades que os consumidores possam vir a sentir nas suas compras”.