O negócio de retalho especializado da Sonae aumentou, no primeiro semestre, em 25 por cento o seu volume de negócios, para os 473 milhões de euros, resultados que o grupo atribui ao crescimento orgânico e às aquisições encetadas nos últimos 12 meses, com a abertura de 81 mil metros quadrados.
Paulo Azevedo, presidente executivo da Sonae, salienta a resiliência desta divisão, que registou uma melhoria acentuada no volume de negócios e reforçou a sua presença em Espanha. “Os primeiros sinais de desempenho das operações neste mercado são positivos, dando-nos confiança no potencial de crescimento da Sonae através desta estratégia,” adianta o CEO da Sonae.
Porém, segundo os resultados apresentados ontem, dia 25 de Agosto, numa base comparável, as vendas diminuíram em três por cento, apesar do crescimento de dois por cento verificado no segundo trimestre, quando comparado com os primeiros três meses do ano. O negócio da electrónica de consumo ressentiu-se particularmente, reflectindo a queda das vendas das categorias de compra discricionária.
Mesmo assim, a Sonae salienta o reforço da liderança no sector. A actividade internacional, por seu turno, com a Worten, SportZone e Zippy, apresentou resultados em linha com o esperado, sendo responsável por mais de dez por cento das vendas do primeiro semestre. Em Espanha, estes três formatos equivalem já a 39 mil metros quadrados de área.
Ao nível do retalho de base alimentar, o crescimento do volume de negócios foi de oito por cento. Ao contrário do que aconteceu na divisão de retalho especializado, as vendas numa base comparável cresceram de forma significativa, cerca de três por cento no conjunto dos seis meses e cinco por cento considerando apenas o segundo trimestre, com um aumento do volume a compensar a redução do preço médio, esta última explicada pela Sonae pela deflação e pela prevalência de um fenómeno de “trading down” na compra.
O grupo destaca ainda a contribuição do crescimento orgânico dos últimos 12 meses, com a abertura de 80 lojas, correspondentes a 37 mil metros quadrados, o desempenho dos produtos de marca própria, a representar mais de 23 por cento da categoria de bens de consumo e dos perecíveis, e as iniciativas lançadas com o cartão cliente. “O desempenho do retalho alimentar foi excelente e os resultados do semestre reflectem isso mesmo. As melhorias na eficiência operacional interna, a expansão de área de vendas e, em especial, o crescimento numa base comparável (like-for-like) de três por cento nas vendas, além de tornarem possíveis estes resultados e o reforço da liderança do mercado, são uma demonstração clara da força da proposta de valor da Sonae no retalho”, sublinha Paulo Azevedo.
O desempenho das demais sub-holdings, no semestre, foi no entender da Sonae igualmente positivo. No que respeita aos centros comerciais, Paulo Azevedo salienta “o esforço de controlo de custos durante o semestre, que permitiu melhorar o resultado directo nesta área de negócio. Em Portugal, os centros comerciais mantiveram taxas de ocupação elevadas (97%) e registaram aumentos das rendas cobradas de um por cento numa base comparável. Apesar disto, os nossos resultados indirectos reflectiram o aumento das taxas de capitalização na Europa usadas na avaliação dos centros comerciais. Este aumento conduziu a uma desvalorização destes activos e ao reconhecimento de um custo de 87 milhões euros, apenas contabilístico, líquido de impostos”.
O negócio das telecomunicações, relembra ainda o responsável máximo da Sonae, “também apresentou um bom desempenho no período, com um aumento sustentado do seu nível de receitas e uma melhoria significativa do EBITDA, esta última a reflectir iniciativas de redução de custos operacionais e investimentos em rede, marca e serviço ao cliente, levadas a cabo em 2008”.
Assim, globalmente, o volume de negócios da Sonae cresceu sete por cento no semestre, para os 2.608 milhões de euros, face aos 2.437 milhões do período homólogo. O cash-flow operacional (EBITDA) cresceu 12 por cento, para os 272 milhões de euros, comparando com os 244 milhões no primeiro semestre de 2008.
Para o futuro, a empresa continuará a investir no crescimento dos seus formatos de retalho alimentar e especializado, tendo como objectivo aumentar a área de vendas em aproximadamente 100 mil metros quadrados em 2009, alcançando mais de 900 mil metros quadrados de área de venda total até ao final do ano. No entanto, estando conscientes das restrições actuais do mercado financeiro, a estratégia de expansão adoptada centrar-se-á no arrendamento, substituindo uma estratégia de expansão por aquisição. “Mantemo-nos cautelosos quanto à evolução futura da economia e dos mercados onde operamos, particularmente no âmbito da intensidade concorrencial no retalho e telecomunicações. Apesar desta postura, e tendo em conta resiliência dos cash-flows gerados pela maioria dos nossos negócios, estamos confiantes na capacidade de mantermos a nossa política de remuneração accionista”, conclui Paulo Azevedo.