Despesas de primeira necessidade com um aumento significativo nos últimos 10 anos
As despesas de primeira necessidade progrediram 3,2 pontos percentuais, nos últimos dez anos, segundo o Observador Cetelem. A subida de preços é mais sentida nas despesas relacionadas com a habitação e encargos, que aumentaram 2,4 pontos percentuais, seguindo-se as despesas com a alimentação.
Também os preços do alojamento, do aquecimento e da energia, conheceram uma subida muito acentuada nos últimos anos, fazendo aumentar as despesas das famílias.
As despesas relacionadas com o lazer, hotéis, cafés e restaurantes (HCR) e telecomunicações, aumentaram ligeiramente em 0,9 por centonestes últimos 10 anos. Esta progressão deve-se em grande medida à rubrica das telecomunicações e ao crescimento de novos modos de consumo da Internet e de telemóveis, produtos cuja oferta surgiu e tem vindo a crescer mais recentemente.
Em termos de peso no consumo, as despesas relacionadas com o lazer continuam a crescer sob o efeito de uma grande aspiração sociológica. Se antigamente o lazer era uma despesa que as famílias aceitavam sacrificar, tornou-se actualmente uma verdadeira necessidade. Em Espanha, a despesa com o lazer, que inclui gastos associados a hotéis, cafés e restaurantes, é a primeira rubrica de consumo das famílias, que despendem cerca de 19 por cento do orçamento em saídas. Em Itália e em Portugal, esta despesa representa dez por cento do orçamento, enquanto, que na Polónia ou na Sérvia não chega a atingir os três por cento.
As despesas em alimentação são as que mais diminuíram, nos últimos dez anos (-2,8%). A descida do peso da alimentação no orçamento das famílias é inerente ao desenvolvimento económico de um país, visto que, quanto mais a população enriquece, mais diversifica o seu consumo para além da necessidade primária da alimentação. Por outro lado, este é um fenómeno que se deve a mudanças sócio-demográficas, dado que o tempo dedicado às refeições e à cozinha é cada vez menor, cada vez mais pessoas vivem sozinhas e a alimentação já não ocupa o mesmo lugar no seio do lar. Por outro lado, as famílias optam por produtos e circuitos de distribuição mais baratos, como as marcas de distribuidores, preços baixos e circuitos “hard-discount”, para fazerem face ao aumento de outras despesas que também têm.
Ainda que de forma pouco acentuada (+0,7 pontos percentuais), as despesas relacionadas com os transportes aumentaram, devido à subida dos preços para a utilização do automóvel, principalmente o combustível, e ao aumento dos serviços de transporte (transportes públicos, transporte aéreo).