Antecipa-se um cenário negativo em 2012 para o sector do retalho em Espanha e Itália que se traduzirá num declínio das vendas, numa quebra do consumo privado e num aumento dos prazos de pagamento e insolvências.
Segundo a Crédito y Caución, em causa está, essencialmente, a elevada dependência do sector em relação ao financiamento externo e ao crédito ao consumo.
A seguradora de crédito aponta no seu último Market Monitor que, entre Janeiro e Outubro, o sector do retalho registou em Espanha um decréscimo de vendas de 5,5 por cento. O subsector do retalho não alimentar diminuiu 7,2 por cento, enquanto que o subsector alimentar contraiu 2,7 por cento. Os principais afectados foram os comerciantes independentes que sofreram um declínio de 6,9 por cento, mas também, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas espanhol, as cadeias de menor dimensão, que sofreram com a redução da procura doméstica. O contexto económico actual alterou o comportamento dos consumidores espanhóis que se estão a tornar mais cautelosos nos seus hábitos de consumo. Paralelamente, a tendência é para que os retalhistas comecem a rever os seus portfólios, a desinvestir e até mesmo a fechar lojas menos rentáveis.
O comportamento de pagamento no sector do retalho em Espanha é, ainda assim, melhor do que o da média desse mercado. Em média, os prazos de pagamento são de 90 a 120 dias e de cerca de 30 dias para os bens alimentares. Nos últimos três meses, este sector tem sofrido uma ligeira deterioração, sobretudo devido à queda do consumo privado e à escassez de crédito bancário, não sendo, no entanto, expectável qualquer agravamento maciço nos próximos meses. O número de insolvências no sector do retalho espanhol registou um ligeiro aumento nos últimos seis meses.
Em Itália, o panorama político económico e financeiro incerto tem desencorajado o consumo privado. Este irá, segundo a Global Insight, contrair 0,1 por em 2012. As vendas no sector do retalho italiano, em contracção desde 2009, irão diminuir 3,1 por cento em 2011 e 1,6 por cento no próximo ano. Esta queda irá fazer sentir-se principalmente no subsector do retalho não alimentar. Os bens de consumo duradouro perderam a almofada dos incentivos públicos que sustentaram o sector em 2010. Quanto ao subsector alimentar, apesar deste ter também registado uma quebra na procura, a sua natureza não cíclica faz com que consiga escapar aos piores efeitos crise. A procura deverá, neste campo, permanecer estável tanto para marcas próprias de distribuidores como para as marcas de fabricante. No entanto, nesse subsector, existem ainda riscos para os quais os mercados deverão permanecer atentos, tais como a volatilidade dos preços e o abrandamento da procura.
As insolvências no sector do retalho italiano deverão aumentar principalmente no subsector não alimentar, nomeadamente fruto de deficiências estruturais, tais como a elevada fragmentação, as margens de lucro reduzidas, a fraca retenção de receitas e as modestas bases de capital dos retalhistas italianos. O prazo médio de pagamentos para os retalhistas de grande e média dimensão é de 75 dias, um valor que prevê manter-se estável para o subsector alimentar, mas que deverá deteriorar-se para o subsector não alimentar.