O mais recente estudo sobre imobiliário global publicado pela Royal Institution of Chartered Surveyors (RICS) demonstra que nenhum mercado conseguiu escapar às actuais condições económicas, levando à descida significativa dos valores dos activos, pela primeira vez na história, em muitos mercados emergentes.

Países que anteriormente demonstraram alguma resistência a esta tendência, como os Emirados Árabes Unidos (UAE), China, Turquia e Brasil, não ficaram imunes, tendo-se reflectido na quantidade de transacções de arrendamento concluídas e na diminuição da confiança dos investidores, afectando tanto os valores dos activos, como o próprio nível de actividade.

Foram verificadas descidas de rendas em mais de 90 por cento dos países incluídos neste estudo levado a cabo pelo RICS, sendo que a Ásia parece ser o continente mais afectado. Taipé, Hong Kong, Singapura e a Índia foram os países que registaram maiores descidas.

Segundo Eric van Leuven, presidente do RICS em Portugal e Managing Partner da Cushman & Wakefield, “o Médio Oriente viu também uma diminuição do ‘estado de graça’ em que se encontrava, resultado também da significativa descida do preço do petróleo, motor da economia de muitos países desta região, com especial incidência nos UAE. Também se sente o mesmo pessimismo na Rússia, onde preocupações adicionais relativas à instabilidade económica também afectam o optimismo e interesse por parte de investidores”.

Na Europa Central e de Leste verificou-se também uma desaceleração nos preços, com países como a Hungria, Polónia, Ucrânia e Turquia a reportarem quebras de preços duas vezes superiores às reportadas no terceiro trimestre de 2008.

“Sem grandes novidades, também podemos ver que os mercados japonês e americano estão a ser muito afectados, esperando-se que esta tendência continue. No entanto, na Europa, as boas notícias continuam a vir da Alemanha, que continuou a ter um desempenho contrário à maioria, uma vez que a oferta tem diminuído significativamente”, refere Eric van Leuven. “É esperada uma descida das rendas em quase todo o mundo, sendo que a diminuição da procura levará a um aumento do espaço disponível, tanto em mercados emergentes, como nos mais estabelecidos”.

Eric van Leuven conclui que “a (quase) inexistência de investimento em mercados de maior risco e a descida significativa do preço do petróleo atingiu os níveis de confiança em termos de investimento imobiliário em países como a Rússia, Ucrânia e os Emirados Árabes Unidos (EAU). Em mercados mais maduros, verificamos um aumento dos yields, o que demonstra que existiu uma correcção significativa dos preços, mas há uma grande preocupação em relação à Europa de Leste, onde o risco do colapso dos sistemas bancários parece ser cada vez mais uma possibilidade.”