O Observador 2009: Consumidores aderem ao discount e ao low-cost para contrariar diminuição do poder de compra
Depois de um ano fortemente marcado pela crise financeira que se fez sentir à escala global, o consumidor europeu mostrava-se preocupado no final de 2008. Segundo o estudo O Observador Cetelem 2009, apresentado hoje de manhã, dia 19 de Março, em conferência de imprensa, numa escala de 0 a 10, em que 0 está para "muito mau" e 10 para "muito bom", os europeus avaliavam a situação geral dos seus países com um 4.3, quando um ano antes a nota atribuída era de 4.9.
Mesmo países historicamente positivos, como a Bélgica, o Reino Unido e a Espanha, registaram quedas acentuadas e chegaram a perde mais de um ponto. Os consumidores portugueses são os mais pessimistas de todos, atribuindo uma nota de 2.8 à situação geral do país. Um valor inferior ao já baixo 3.1 de há um ano atrás.
Para 2009, o estudo encontra algum ligeiro optimismo na maioria dos países europeus, que manifestam intenções de consumo ainda consistentes. A percepção da conjuntura está situada nos 4.4, mas Portugal mantém a avaliação de 2.8 pontos. Cinco anos sucessivos de diminuição do poder de compra foram mais que suficientes para quebrar a já fraca confiança dos consumidores portugueses.
Apesar do contexto económico, a maioria dos europeus (64%) tenciona aumentar as suas despesas em 2009. Este valor é, contudo, inferior ao observado em 2008 e regressa aps níveis de 2006. A maioria dos consumidores portugueses (62%) também considera aumentar as suas despesas. Este valor demonstra que a vontade de consumir se mantém, tanto mais que o saldo entre o consumo e a poupança pende claramente para o lado do consumo.
Contudo, o estudo conclui que os europeus não dispõem de meios proporcionais às suas ambições. Ao nível das intenções de compra, apenas dois sectores se mantêm estáveis face a 2008 e os restantes dez recuam.
Em Portugal, as intenções de compra mantêm-se baixas, mas cinco sectores mostram ligeiras progressões. Os electrodomésticos, o mobiliário e o computador para a casa estão neste grupo, enquanto a TV/Hi-Fi/Vídeo segura os níveis de há um ano. Telemóveis, bricolage/jardim recuam, mas são as obras e decoração as mais sacrificadas, perdendo cinco pontos.
Neste contexto de fagilidade económica, o consumidor reconhece que 2009 trouxe consigo a necessidade de fazer escolhas e alguns sacrifícios na hora de gastar. A este nível, os dados presentes no estudo revelam que são os encargos com a alimentação, saúde e lazer os mais sacrificados actualmente.
Diminuir nas despesas menos prioritárias é a solução maioritariamente encontrada pelos europeur para contornarem o sentimento de perda de poder de compra e, em média, 91 por cento dos consumidores parecem prontos a reduzir algumas despesas. Os portugueses apresentam mesmo o valor mais elevado, 96 por cento.
Por outro lado, ressentindo-se da crise económica, que implica uma transformação dos seus comportamentos de compra, o consumidor está a adaptar-se procurando os preços mais baixos, quer através das marcas de discount, quer com a adesão ao conceito de "low-cost". Estas práticas já não são sinónimo de "consumo dos pobres" mas de "compra inteligente".
O recurso ao discount surge assim como a segunda opção contra a diminuição do poder de compra, com 79 por cento opiniões favoráveis. Em Portugal, o discount é ainda mais solicitado, apresentando o segundo valor mais elevado entre os países analisados, 93 por cento, logo a seguir à Alemanha (94%). Os portugueses também ocupam o lugar cimeiro na preferência pelo "low-cost" (91%).