A distribuição portuguesa venceu o primeiro embate da crise. Segundo os dados divulgados pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), o volume de negócios total das empresas suas associadas cresceu 12 por cento, ultrapassando os 14 mil milhões de euros, em 2008, um valor que corresponde a 8,4 por cento do Produto Interno Bruto Nacional. O Ranking APED 2008 mostra novamente a Sonae a liderar a tabela das empresas, com um volume de negócios de 4.755 milhões de euros, em 2008. Considerando apenas o retalho não alimentar, a liderança da Sonae é ainda espelhada pela colocação da Worten novamente no lugar cimeiro, com um crescimento homólogo de 16 por cento, para os 648 milhões de euros, consolidando uma posição que vem ocupando há já vários anos.
Os dados relativos ao ano de 2008 deixaram Luís Vicente Dias, presidente da APED, “supreendido pela positiva”. O presidente da APED continua a acreditar num “desempenho razoável” para 2009 e as primeiras indicações que a associação tem recebido é que “o ano não está a ser catastrófico, nem tão mau como se chegou a prever. Poderá haver contracção nalgumas categorias, mas em 2009 vai continuar a haver crescimento nos associados APED”.
Worten consolida posição
Considerando apenas o retalho não alimentar, a liderança da Sonae é também espelhada pela colocação da Worten novamente no lugar cimeiro do ranking. A Worten conseguiu, em 2008, um crescimento homólogo de 16 por cento, para os 648 milhões de euros, consolidando uma posição que vem ocupando há já vários anos. A segunda posição é ocupada pelo El Corte Inglés, que cresceu quatro por cento, para os 467 milhões de euros, e a terceira pela Fnac, que conseguiu um volume de negócios de 329 milhões de euros.
Importa, no entanto, ressalvar o desempenho da IKEA, que apresentou a maior taxa de crescimento homólogo em 2008, cerca de 51 por cento. Conquistando um posto à Staples, a IKEA passou a ocupar a oitava posição do ranking global e a quarta da tabela do retalho não alimentar. A sua liderança da tabela de empresas com o maior crescimento homólogo pode explicar-se pelo facto da sua loja de Matosinhos, em 2008, ter incorporado já um ano inteiro de vendas. Outras empresas que conseguiram um apreciável crescimento homólogo foram ainda a Leroy Merlin (34%), a Media Markt (33%) e a Moviflor (22%).
Distribuição continua a investir na criação de emprego e abertura de lojas
Num ano marcado pela crise financeira global, a distribuição portuguesa continuou, mesmo assim, a investir na criação de emprego e na abertura de novos pontos de venda. No final de 2008, o total de colaboradores das associadas da APED era de 81.267, mais oito por cento que em 2007. De resto, esta dinâmica tem sido a regra do sector, que nos últimos quatro anos aumentou em 65 por cento o emprego no sector.
Ao longo de 2008, assistiu-se à abertura de 266 novas lojas, mais 13 por cento que em 2007, tendo o sector fechado o ano com um total de 2.394 mil metros quadrados de área de venda, o que corresponde a um crescimento de 11 por cento.
Para este ano, a APED prevê que o sector continue a expandir-se até porque, garante Luís Vicente Dias, os planos dos grupos de distribuição têm-se mantido e continua a haver investimento em novas lojas. “O único investimento que temos conhecimento de ter sido anulado foi um centro comercial em Leiria e o adiamento por um ano de um projecto em Braga. Portugal é um exemplo de boa convivência comercial entre formatos e origens geográficas muito diferentes, com um sector desenvolvido e que foi crescendo ao longo dos anos de forma harmoniosa. Mesmo lendo com cautela alguns indicadores como os de produtividade, os registados em Portugal, sobretudo no não alimentar, são superiores aos de muitos países europeus, pelo que muitos operadores que abrem a sua primeira loja no país querem rapidamente inaugurar outros pontos de venda”.