Os activos da Fagor apenas somam 272 milhões de euros, pelo que grande parte dos seus credores não verão a sua dívida cobrada.
Segundo o balanço provisório da administração de insolvência, datado de 30 de abril, a valorização dos activos sofreu uma forte depreciação de 66% face à avaliação de Outubro passado, quando se falava de activos no valor de 800 milhões de euros. Com os números agora avançados, a Fagor deixará uma dívida de 776 milhões de euros.
O último balanço confirma que a Fagor Electrodomésticos apenas possuía património, uma vez que as marcas são propriedade do Grupo Fagor. A cooperativa teve, também que hipotecar grande parte dos seus bens e até vender as suas unidades produtivas, que explorava, posteriormente, em regime de arrendamento. Apenas a fábrica de panelas de Eskoriatza (Guipuzkoa) ainda é propriedade da Fagor. Outras duas unidades estão, desde 2011, nas mãos da Corporación Mondragón, através de uma sociedade instrumental que pagou 55 milhões de euros à Fagor. De igual modo, as fábricas em França e na Polónia, que são alvo do interesse do grupo argelino Cevital, não constam dos activos passíveis de venda para pagamento de dívidas a credores.
O grupo argelino pretende investir 18 milhões de euros e criar 400 postos de trabalho, ao longo de cinco anos, na Fagor, com o objectivo de elevar de 10% para 25% a sua quota de mercado em Espanha. A empresa também garante a continuidade das marcas Fagor, Edesa, Aspes e Splendid, assim como a assistência técnica das linhas de lavagem, cocção e frio.
À proposta da Cevital soma-se a apresentada pela Cata e a da empresa chilena Ecomac, esta última apenas interessada na fábrica da Edesa em Basauri. A proposta da Ecomac conta com o apoio do governo local de Vizcaya e dos trabalhadores da Edesa e contempla a recuperação da unidade de produção de termoeléctricos, acumuladores de água quente e caldeiras a gás, num investimento de 6,5 a sete milhões de euros que assegura uma centena de postos de trabalho directos e 60 indirectos.
Por sua vez, a Cata melhorou a sua oferta inicial, elevando-a para 16,2 milhões de euros incondicionais e inclui um adiantamento dos pagamentos previstos e garantias bancárias de primeiro nível. A proposta da Cata assegura ainda 1.397 postos de trabalho, 500 directos e um projecto industrial para as fábricas de Garagarza e Escoriaza e 897 indirectos que prestarão serviços através de empresas subcontratadas. A Cata assume, assim, o compromisso da totalidade da assistência técnica das marcas Fagor, Edesa e Aspes.
Esta oferta foi positivamente acolhida pelo sector industrial e é apoiada pelas principais associações espanholas, casos da Anfel (Associação Nacional de Fabricantes de Electrodomésticos) e da FAPE (Associação de Fabricantes de Pequenos Domésticos).
A situação económica da Fagor é cada vez mais delicada. A empresa perdia 21 milhões de euros ao mês no momento em que declarou falência e até a entrada em administração de insolvência serviu para acumular oito milhões de euros adicionais de dívidas. Os administradores gastaram cerca de 40 mil euros em telefone e quase 30 mil euros em electricidade.