Números recentes da Associação dos Industriais e Comerciantes do Café apontam que os portugueses bebem menos 35 por cento de café do que a média europeia. No entanto, de acordo com o estudo “Tendências e Perspectivas Sociais no Consumo de Café em Portugal em 2021”, os portugueses deverão duplicar o consumo actual de café nos próximos 10 anos.
Elaborado por Tiago Oliveira, no âmbito do mestrado em Comportamento do Consumidor do IPAM – The Marketing School, o trabalho conclui que, em 2021, cada português vai consumir oito quilogramas de café por ano.
Tiago Oliveira traçou o perfil do consumidor nacional de café daqui a 10 anos, através de inquéritos efectuados a um painel de 28 especialistas na cadeia de valor do café e comportamento do consumidor, provenientes das áreas académica, privada e pública. Para a maioria dos entrevistados, o preço do café vai subir entre 26 e 34 por cento num período de 10 anos. No entanto, três dos entrevistados apontam para um aumento superior a 53 por cento, justificado pelo facto do preço de uma chávena de café em Portugal ser, actualmente, dos mais baixos da Europa e pelo aumento da pressão especulativa sobre as matérias-primas.
Consumo cada vez mais doméstico
No que toca ao local de consumo, Tiago Oliveira conclui que o consumidor português vai aumentar o consumo doméstico em 20 por cento. Já em relação ao consumo fora de casa, o painel aponta para a necessidade de apostar nos segmentos de “vending” e restauração. Tal como aconteceu no sector cervejeiro, as marcas deverão estar alertas para o aparecimento de mais do que uma marca de café num mesmo espaço comercial. O estudo revela que o sexo feminino tenderá a igualar o consumo de café face ao sexo oposto, sendo o papel cada vez mais activo da mulher na sociedade o principal motivo.
O estudo conclui ainda que a qualidade dos lotes tende a melhorar, independentemente de actual conjuntura económica portuguesa se prolongar ou não. Em 2021, o consumidor português irá optar por um lote com características pouco ácidas, sabor neutro, algo encorpado e com um gosto mais retro, o que impede que o “blend” seja constituído por 100 por cento de café “Arábica”. Segundo o painel, a tendência é um aumento deste tipo de café em detrimento do “Robusta”, mais encorpado, forte e ácido.