Segundo o último inquérito do portal especializado www.sateliteinfos.com, sobre a TDT por satélite, 97,7 por cento dos inquiridos querem que o acesso a esta modalidade seja livre, como na maioria dos países europeus que estão a transitar ou já finalizaram o seu apagão analógica, nomeadamente a França, a Itália ou o Reino Unido.

Ao contrário do que acontece em Espanha, os governos destes países optaram por um modelo aberto na distribuição de TDT pela via alternativa do satélite. O resultado é que qualquer cidadão francês, inglês ou italiano só tem que dirigir-se a um ponto de venda para comprar o receptor e o cartão correspondente, por um preço que ronda os 100 euros. Outra das diferenças é que, nestes casos, o pacote que está disponível por satélite é o mesmo que o terrestre e inclui os canais em alta definição e os pagos.

Em Espanha, o acesso à TDT por satélite é muito mais restringido, já que o consumidor se tem que se dirigir a um instalador homologado pela Abertis e cumprir com uma série de requisitos e trâmites que demoram e encarecem o processo. O instalador desloca-se uma primeira vez à casa do consumidor, que tem de estar na zona de sombra, para comprovar que não existe a possibilidade de receber TDT via terrestre e redige uma informação que envia à Abertis. A operadora dá o seu aval e entrega ao instalador as senhas que permitem desbloquear o receptor e o cartão, também por si homologados.

Uma vez desbloqueados, o instalador volta à casa do consumidor para proceder à instalação definitiva. O custo médio de uma instalação de TDT por satélite em Espanha ronda os 400 euros. Além disso, cada receptor serve unicamente para um televisor e a sua capacidade de recepção está limitada a determinados canais. Não existe a possibilidade de receber outros canais que estejam em aberto no mesmo satélite nem mesmo os canais de TDT que emitam em alta definição ou que sejam pagos.

O inquérito do portal www.sateliteinfos.com, no qual participaram 8.545 internautas, revela que 97,69 por cento dos inquiridos querem uma TDT por satélite barata e de livre acesso. Apenas 1,33 por cento querem TDT por satélite de livre acesso sem se preocuparem com o preço, só 0,44 por cento declaram que a TDT por satélite não faz falta em Espanha, e tão somente 0,41 por cento estão satisfeitos com a distribuição da Abertis. O inquérito revela ainda que apenas 0,12 por cento estimam que a TDT por satélite não faz falta já que alguns canais já estão disponíveis dentro dos pacotes pagos.

Estes resultados reflectem também a opinião de muitos protagonistas do sector profissional, que não entendem como se pode limitar desta forma um serviço que consideram básico para todos os cidadãos. Um dos que mais luta pela liberalização da TDT por satélite em Espanha é o operador SES Astra, cujo director geral no país, Luís Sahún, denunciou recentemente que a solução eleita “não permite aceder aos canais de alta definição ou à futura televisão em 3D”, já que “fará com que os cidadãos não possam aceder às novas tecnologias nem à TDT paga simplesmente por residirem em determinadas zonas”. Inquirido sobre os resultados da sondagem, Luis Sahún sublinhou que a “SES Astra defende para a TDT por satélite uma solução aberta e que cumpra os standards internacionais, que permita aceder livremente à compra de receptores a preços competitivos de mercado”.