As más notícias continuam para o mercado de entretenimento doméstico, sobretudo pela relutância, por parte do consumidor, em comprar nestes retalhistas, avança um novo relatório da Verdict.
A combinação da pirataria, o livre acesso a serviços de streaming, como o Spotify, o Grooveshark, o YouTube e a BBC iPlayer, e o acesso a livre apps e jogos online reduziu o valor que os consumidores atribuem à propriedade de produtos de entretenimento doméstico. Esta tendência foi agravada pelo facto dos consumidores terem um menor rendimento disponível e confiança mais baixa em resultado da desaceleração económica.
“A forma como a sociedade encara a pirataria permanece bastante descontraída e pessoas falam abertamente sobre o download ou streaming produtos sem quaisquer preocupações pelo facto de ser contra a lei", explica Carly Syme, consultora da Verdict. "Mesmo com a perspectiva dos prestadores de serviços de Internet (ISP’s) poderem vir a ser responsabilizados por descargas ilegais, a pirataria parece continuar a vir a ser um importante factor negativo para o sector entretenimento. O uso crescente da Internet, a maior rapidez de acesso e a proliferação de redes de partilha de ficheiros P2P significam também que downloads ilegais e o streaming são relativamente fáceis. Os fracos climas económicos só têm aumentado o problema, tornando mais difícil a tentativa de afastar as pessoas da pirataria para os para serviços legítimos."
De acordo com os últimos dados da Verdict, o mercado de entretenimento doméstico do Reino Unido atingiu o seu pico em 2008, nos 7,7 mil milhões de libras, sobretudo devido ao aumento da popularidade dos vídeojogos entre 2007 e 2008. Desde então, este mercado perdeu 1,6 mil milhões de libras, estando estimado em 6,1 mil milhões de libras em 2011. “Existe a hipótese do mercado recuperar para 6,6 mil milhões de libras em 2015 se as novas tecnologias dos vídeojogos forem eficazmente rentabilizadas e o mercado digital atinja a ‘mainstream’”, acrescenta Carly Syme. “Espera-se que 21,4 por cento das vendas de entretenimento no Reino Unido ocorram digitalmente, em 2011, como resultado do aumento do uso da Internet móvel e de uma maior variedade de equipamentos com conectividade online, como os televisores, os tablets e as consolas de jogos”.
Esta percentagem poderia ser ainda mais elevada se a medida se baseasse no consumo e não na despesa, dada a influência da pirataria e a popularidade dos serviços gratuitos. De facto, o mercado britânico está tão favorável como o global, que também atingiu o seu pico em 2008, nos 103,2 mil milhões de dólares e que se prevê que continue consecutivamente a cair para os 74,3 mil milhões de dólares em 2015. O único dado mais positivo desta estimativa é que se prevê que as perdas diminuam para apenas 0,5 por cento em 2015.
Para Patrick O’Brien, também consultor da Verdict, o mercado global de vídeojogos dificilmente regressará às elevadas taxas de crescimento que experimentou nos anos que se seguiram ao lançamento das principais consolas. “O mercado dos DVD’s irá continuar a cair, com a crescente importância do video on demand, do streaming e dos serviços de aluguer. Além disso, o mercado da música cairá a pico, com os consumidores cada vez mais a afastarem-se dos CD’s de música”.