TDT em Portugal, uma oportunidade de mercado ou um “flop” 2009-09-28
Faltam menos de três anos para que desapareçam completamente as emissões de televisão analógica em Portugal e que sejam substituídas pelas de televisão digital. O chamado “swicth-off”, ou “apagão” do analógico, está agendado para Abril de 2012. Actualmente, cerca de 60 por cento da população portuguesa já pode ver Televisão Digital Terrestre (TDT) o que, segundo a Portugal Telecom (PT), supera amplamente as previsões iniciais. A PT traçou como objectivo para o final deste ano cobrir 80 por cento da população e assumiu o compromisso de abarcar integralmente o país até ao final de 2010, criando condições para antecipar, em 16 meses, a data limite para o “switch-off” fixada pelo Governo. Portugal será, assim, o país da União Europeia com o menor tempo de implementação da TDT, mas será que os portugueses estão sensibilizados para esta realidade e para a necessidade de se prepararem para esta mudança? Um inquérito realizado há um ano atrás revelava que mais de dois quintos dos portugueses (43,6%) nunca tinha sequer ouvido falar de televisão digital, quanto mais de TDT, desconhecida por 83,7 por cento dos portugueses. Estes resultados assumem uma relevância maior porque, apesar de apurados pelo OberCom – Observatório da Comunicação Social em 2008, foram recolhidos numa altura em que a TDT estava na agenda dos media, em consequência do anúncio de abertura do concurso de atribuição de licenças e apenas 3,2 por cento dos portugueses tinha ouvido falar de “switchover” digital. Este valor compara com os 51,1 por cento de espanhóis e com os 89 por cento de ingleses que já estavam a par desta realidade. Com o arranque das emissões e o aproximar da data de “switch-off”, a TDT volta a estar na agenda dos media e na ordem do dia para fabricantes e retalhistas, que olham para a televisão digital como um novo fôlego para o mercado da electrónica de consumo, cujos indicadores, nos últimos anos, têm sido francamente negativos. João Paulo Ferreira, director geral da Sonicel, concorda que a TDT está a criar uma procura acrescida, sobretudo de plasmas e LCD’s, até porque tem sido usada como argumento de vendas por marcas e distribuição. No caso específico da LG, a oferta de produtos foi prontamente adequada a este novo mercado, tendo sido apresentados na gama de televisores para 2009-2010 apenas equipamentos funcionais com a TDT. “Desde o início de 2009, temos apostado na componente formativa e informativa acerca da TDT junto dos nossos clientes, com acções constantes onde temos toda a nossa equipa de gestores de conta, gestores de produto, comerciais, merchandisers e marketing em constantes sessões de esclarecimento sobre televisão digital", acrescenta Frederico Paiva, director de marketing da LG Electronics Portugal. Também do lado das lojas tem sido feito um esforço para promover e informar cada vez mais e melhor os consumidores acerca da televisão digital até porque, como nota Luís Vasco Cunha, administrador da Susiarte e da expert, é uma forma de potenciar a venda de aparelhos tecnologicamente mais evoluídos. “Todavia, julgo que é a hora de haver uma maior dinâmica nessa divulgação, com uma tónica reforçada por parte dos principais fabricantes”, sustenta. Um potencial ainda por avaliar Em Portugal, ainda não existem dados disponíveis que possam comprovar o potencial que a TDT trará ao mercado, mas certamente estarão criadas algumas oportunidades. Frederico Paiva considera mesmo que o mercado da TDT em Portugal tem um elevado potencial. “Se tivermos em consideração que o mercado Free to Air ainda representa 56 por cento do total de espectadores nacionais e que a penetração de TV por cabo, DTH e IPTV é de apenas 38,3, 4 e 1,4 por cento, respectivamente, podemos perceber claramente o potencial da TDT no nosso mercado”. Porém, lá diz o ditado que “não há bela sem senão” e, mesmo no caso da TDT, Portugal é um caso à parte e onde o desenrolar das coisas poderá ter cursos e ritmos bem diferentes. Isto porque, como esclarece Rui Carvalho, Sales Manager da Metronic Portugal, o nosso país foi o primeiro a utilizar a norma MPEG4 H.264, facto pelo qual as expectativas de negócio iniciais com terminais TDT mais acessíveis se tornaram impossíveis. Ao adoptar-se uma norma diferente, os preços dos terminais disponíveis em Portugal são superiores, dado que a procura é, também, menor, porque circunscrita ao país. “Se juntar- mos o preço caríssimo ao facto de não existir atractividade no lançamento de TDT, visto que só tem quatro canais mais um em HD que só funcionou uma semana, dificilmente irá ajudar ao desenvolvimento da TDT livre, pois ninguém quererá mudar, só para ter uma melhor imagem e som, mas apenas quatro canais”. Fique a conhecer mais pormenores sobre o estado da TDT em Portugal, descarregando o artigo completo em formato PDF, um novo serviço que a Rm coloca ao seu dispor. |